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Miran diz que não é possível avaliar postura da política monetária do Fed com base no dinamismo dos mercados financeiros

Reuters3 de nov de 2025 às 14:34

- O diretor do Federal Reserve Stephen Miran disse nesta segunda-feira que é errado dar muita ênfase à força dos mercados de ações e de crédito corporativo ao avaliar a política monetária que, segundo ele, continua muito restritiva e está aumentando o risco de uma desaceleração.

"Os mercados financeiros são impulsionados por muitas coisas, não apenas pela política monetária", disse Miran no programa de televisão Bloomberg Surveillance, explicando porque ele discordou, na semana passada, de um corte de 0,25 ponto percentual nos juros, votando por uma redução de 0,50 ponto.

O aumento dos preços das ações, os spreads estreitos do crédito corporativo e outros fatores "não nos dizem necessariamente nada sobre a postura da política monetária" em um momento em que os setores sensíveis aos juros, como o imobiliário, estão menos dinâmicos e algumas partes do mercado de crédito privado parecem estar sob tensão.

As declarações de Miran destacam as visões conflitantes que os membros do Fed começaram a apresentar sobre o estado da economia e os riscos que ela enfrenta desde a decisão dividida, da semana passada, de reduzir a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, para a faixa de 3,75% a 4,00%.

A decisão de política monetária, com placar de 10 a 2, marcou apenas a terceira vez desde 1990 em que membros votantes do Fed se opuseram tanto a políticas monetárias mais restritivas quanto a mais flexíveis.

As declarações do chair do Fed, Jerome Powell, em sua coletiva de imprensa após a reunião, indicaram uma divisão ainda maior, ao observar as "visões fortemente divergentes sobre como proceder" na reunião do banco central de 9 e 10 de dezembro.

Esta foi uma referência incomum a uma ação em uma reunião futura, com Powell enfatizando que outro corte de juros "não é uma conclusão inevitável -- longe disso".

FOCO NA INFLAÇÃO

O presidente do Fed de Kansas City, Jeffrey Schmid, que na semana passada votou contra o corte de juros, apresentou na sexta-feira os argumentos para manter o foco na inflação, que permanece acima da meta de 2% do banco central, incluindo o fato de que "os mercados financeiros parecem estar tranquilos em muitos indicadores".

"Os mercados de ações estão próximos de máximas históricas, os spreads dos títulos corporativos estão muito estreitos e a emissão de títulos de alto rendimento está alta. Nada disso sugere que as condições financeiras estejam particularmente apertadas ou que a política monetária seja restritiva", disse.

Questionado especificamente sobre os argumentos citados por Schmid, um banqueiro de carreira, Miran afirmou que eles ignoravam o estresse que pode estar se desenvolvendo em outras partes do sistema financeiro e a lentidão do mercado imobiliário.

Além disso, reiterando os argumentos que vem apresentando desde que ingressou no Fed, Miran afirmou que a economia tem sido afetada por mudanças populacionais e outros choques desde o ano passado, que reduziram as taxas de juros subjacentes.

Segundo ele, "a política monetária se tornou passivamente mais restritiva", apesar dos cortes de juros do Fed. Ele disse ainda que continua acreditando que o Fed deve reduzir as taxas no ritmo de 0,50 ponto percentual até atingir um nível "neutro" de juros, que ele estima estar "bem abaixo" do patamar atual.

(Reportagem de Howard Schneider)

((Tradução Redação São Paulo))

REUTERS CMO

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