
2 Out (Reuters) - A presidente do Federal Reserve de Dallas, Lorie Logan, disse nesta quinta-feira que o banco central dos Estados Unidos reduziu adequadamente a taxa de juros no mês passado para se proteger contra o risco de uma deterioração acentuada no mercado de trabalho, mas disse que até agora o enfraquecimento está sendo gradual e sinalizou que não está ansiosa para reduzir ainda mais os custos de empréstimos.
"Precisamos ser muito cautelosos em relação aos cortes nos juros daqui para frente e nos certificarmos de que calibramos adequadamente a política monetária de modo a não flexibilizar demais as condições e ter de reverter o curso, o que seria muito doloroso em termos de restauração da estabilidade dos preços", disse Logan a uma sala de aula de estudantes de Economia na escola de pós-graduação em administração da Universidade do Texas em Austin.
"Com as expectativas de que as tarifas e outras pressões levem a uma tendência de inflação um pouco mais alta nos próximos meses, minha previsão é de uma normalização um pouco mais lenta da trajetória da política monetária para garantir que cheguemos a 2%."
Logan, que não vota no comitê de definição de juros do Fed este ano, disse que apoiou a decisão em setembro de reduzir a taxa básica em 0,25 ponto percentual como um "seguro" contra um aumento repentino na taxa de desemprego, que em agosto era de 4,3%.
A paralisação do governo significa que o Departamento do Trabalho não publicará seu relatório mensal habitual sobre empregos na sexta-feira, mas outros indicadores sugerem que, embora o mercado de trabalho esteja enfraquecendo, a taxa de desemprego não aumentou no mês passado.
"Minha previsão é que ela suba um pouco nos próximos meses, mas não muito longe do objetivo", disse Logan. A inflação, no entanto, está acima da meta de 2% do Fed há quatro anos e as tarifas estão elevando-a, disse ela.
"O que me preocupa é que, mesmo que seja um efeito único, como sugere a modelagem econômica, quanto mais tempo levar ou quanto maior for a incerteza sobre essas políticas tarifárias, maior será o risco de que as expectativas de inflação de curto prazo que aumentaram se consolidem no longo prazo", afirmou Logan. "O risco de que essas expectativas de inflação se consolidem certamente aumentou e, portanto, precisamos nos proteger contra isso ao pensarmos na política monetária."
MERCADO DE TRABALHO "FRÁGIL" TAMBÉM É UM RISCO
Logan disse que a maioria dos indicadores sugere que o mercado de trabalho está se abrandando apenas gradualmente e permanece amplamente equilibrado.
"Está demorando mais para encontrar um emprego porque estamos nesse ambiente de baixa contratação, e isso é algo a que realmente devemos prestar muita atenção, pois significa que o mercado de trabalho, para mim, pode ser mais frágil a um possível choque", afirmou. "Ao mesmo tempo, também não estamos vendo grandes demissões em massa."
Logan não falou diretamente sobre como a falta de novos dados oficiais sobre a economia durante a paralisação do governo afetaria seu trabalho de monitoramento de mudanças econômicas que justifiquem uma perspectiva diferente para os juros.
Mas ela disse que suas conversas com líderes empresariais locais às vezes lhe davam a sensação de que a economia estava mais forte do que os dados do governo pareciam sugerir, o que a tornou mais cautelosa do que alguns de seus pares quanto à redução da taxa de juros no ano passado.
(Reportagem de Ann Saphir)
((Tradução Redação São Paulo))
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