
Por Michael S. Derby
NOVA YORK, 30 Set (Reuters) - A presidente do Federal Reserve de Boston, Susan Collins, disse nesta terça-feira que sua perspectiva para a política monetária é consistente com a trajetória gradual de afrouxamento mostrada nas últimas previsões do banco central dos Estados Unidos, em comentários que consideraram arriscados cortes agressivos na taxa básica de juros.
O motivo para evitar cortes rápidos se resume à ameaça contínua representada pela inflação, mesmo em um momento em que há sinais de fraqueza no mercado de trabalho, disse Collins em uma entrevista à Reuters em Nova York.
"Temos que equilibrar os riscos em relação à inflação", afirmou Collins. "Há riscos do lado do mercado de trabalho? Sim, e acho que o abrandamento que temos visto é uma evidência disso", mas esses dois fatores precisam ser ponderados ao se determinar a política de juros.
Cortar os custos de empréstimos "muito rapidamente e, certamente, anunciar que vamos... continuar até chegarmos ao ponto neutro, me parece ser um cenário em que os riscos para a inflação aumentam, e isso não é consistente, creio eu, com o cumprimento de nosso mandato."
Neste mês, o Federal Reserve reduziu a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, para entre 4% e 4,25%, e estabeleceu um ritmo gradual de cortes até o final do ano, podendo atingir entre 3,5% e 3,75%.
Na entrevista, Collins destacou que muitos aspectos da inflação têm se moderado, como as autoridades gostariam, mas as tarifas do governo do presidente norte-americano, Donald Trump, aumentaram os principais preços e ainda não está claro como isso se refletirá nas pressões sobre os preços.
Ela também alertou que, após vários anos de inflação persistentemente alta, ainda há a perspectiva de que as expectativas do público mudem para a expectativa de ganhos persistentes de inflação, o que deve ser evitado.
Collins também disse que o Fed enfrenta pouca pressão para avançar com os cortes, já que as condições financeiras gerais são bastante favoráveis à economia.
Algumas estimativas sugerem que "as condições financeiras estão, na verdade, dando um pouco de impulso em termos de crescimento econômico, e estamos vendo isso em termos de parte da atividade", disse ela. "Não me parece que seja um ambiente em que não tenhamos espaço... para analisar as condições econômicas de forma realmente ponderada e tomar decisões com base no que os dados mostram."
((Tradução Redação Brasília))
REUTERS VB