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Powell reitera que não há trajetória livre de riscos enquanto Fed equilibra emprego e inflação

Reuters23 de set de 2025 às 16:50

Por Howard Schneider

- O chair do Federal Reserve, Jerome Powell, disse nesta terça-feira que o banco central dos Estados Unidos está em uma "situação desafiadora", com um risco contínuo de inflação mais alta do que o esperado ao mesmo tempo em que o crescimento fraco do emprego aumentou a preocupação com a saúde do mercado de trabalho.

Em comentários preparados para fala na Câmara de Comércio de Greater Providence, em Rhode Island, Powell deu poucas indicações de quando ele acha que o Fed pode cortar a taxa de juros novamente, observando que há perigo tanto em cortar muito rápido e arriscar um novo aumento da inflação, quanto em reduzir os juros muito lentamente e possivelmente causar um aumento desnecessário do desemprego.

"Os riscos de curto prazo para a inflação estão inclinados para cima e os riscos para o emprego, para baixo — uma situação desafiadora", disse Powell, repetindo a linguagem usada na semana passada, quando o Fed cortou sua taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual. A taxa atual, na faixa de 4% a 4,25%, ainda é considerada alta o suficiente para resistir às pressões de preços na economia, mas "nos deixa bem posicionados para responder a potenciais desenvolvimentos econômicos. Nossa política não segue um curso predefinido."

Embora essa frase seja uma espécie de mantra para as autoridades do Fed, ela ganhou ressonância especial agora, com opiniões fortes emergindo de ambos os lados.

Nesta semana, vários presidentes dos Feds regionais pediram cautela em novos cortes, considerando que o balanço de riscos ainda pende para a inflação, enquanto dois diretores do Fed alertaram que a política monetária está muito restritiva e que mais cortes são necessários para proteger o mercado de trabalho.

As autoridades do Fed antecipam reduções de 0,25 ponto percentual nas reuniões de outubro e dezembro do Fed, e os investidores esperam com alta probabilidade que elas se concretizem.

Mas, "se afrouxarmos a política monetária de forma muito agressiva, poderemos deixar o processo sobre a inflação inacabado e precisaremos reverter a situação mais tarde para restaurar totalmente a inflação de 2%. Se mantivermos a política restritiva por muito tempo, o mercado de trabalho poderá enfraquecer desnecessariamente", disse Powell.

Powell concordou que há motivos para preocupação com o mercado de trabalho, com o recente crescimento de empregos em média em torno de 25.000 nos últimos 3 meses, "ficando abaixo da taxa de 'equilíbrio' necessária para manter a taxa de desemprego constante".

Mas outros indicadores de emprego ficaram "amplamente estáveis", disse ele.

Enquanto isso, a inflação permaneceu "um pouco elevada", com as tarifas aumentando os preços dos produtos. Embora esse impacto provavelmente diminua, disse ele, levará tempo, e cabe ao Fed "garantir que esse aumento pontual nos preços não se torne um problema de inflação contínuo".

O Fed está sob intensa pressão do governo Trump para cortar os juros, com uma tentativa do presidente de demitir a diretora Lisa Cook pendente na Suprema Corte, e autoridades do governo questionando os programas de emergência do Fed durante a pandemia e durante a crise econômica de 2007 a 2009.

Powell disse que esses esforços, em circunstâncias extraordinárias, provavelmente ajudaram a economia a evitar resultados muito piores.

"Essas duas crises mundiais históricas consecutivas deixaram cicatrizes que nos acompanharão por muito tempo. Em democracias ao redor do mundo, a confiança pública nas instituições econômicas e políticas foi desafiada. Aqueles de nós que estão no serviço público neste momento precisam se concentrar firmemente em executar nossas missões críticas da melhor maneira possível, em meio a mares tempestuosos e ventos cruzados poderosos", disse Powell, cujo mandato como chair termina em maio, com Trump já avaliando seu sucessor.

"Apesar desses dois choques únicos e extremamente grandes, a economia dos EUA teve um desempenho tão bom ou melhor do que o de outras grandes economias avançadas ao redor do mundo."

((Tradução Redação São Paulo))

REUTERS IV CMO

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