tradingkey.logo

Fed deve cortar juros e atualizar visões sobre plano econômico de Trump com novas projeções

Reuters17 de set de 2025 às 11:32

Por Howard Schneider

- A reunião do banco central dos EUA com maior carga política dos últimos anos termina nesta quarta-feira com amplas expectativas de um corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juros que pode gerar divergências entre algumas autoridades monetárias que acharão que ele é muito pequeno e vem muito tarde, e outros que defenderão que não se justifica de forma alguma.

Tão importante quanto essa decisão será uma lista atualizada de projeções que mostram como as autoridades do Federal Reserve estão vendo a economia e a política monetária oito meses após a extensa reformulação da política econômica dos EUA pelo presidente Donald Trump e a pressão implacável sobre o banco central para reduzir os custos dos empréstimos.

Um crítico quase certo do resultado será o próprio Trump, que quer que as taxas sejam reduzidas muito mais do que normalmente se justificaria em uma economia ainda saudável. Isso também ocorrerá no momento em que a marca do presidente no banco central começa a tomar forma.

O diretor Stephen Miran, licenciado do cargo de presidente do Conselho de Consultores Econômicos de Trump, foi empossado como membro do conselho de sete membros do Fed na terça-feira, e o governo disse que pedirá à Suprema Corte dos EUA que permita que seu esforço para demitir a diretora Lisa Cook avance.

Trump tentou pressionar o presidente do Fed, Jerome Powell, a renunciar em uma tentativa de obter juros mais baixos e, no mês passado, voltou seu foco para Cook e disse que a estava demitindo devido a alegações de que ela havia deturpado informações em um pedido de hipoteca.

Cook entrou com uma ação judicial para manter seu emprego e, até o momento, os tribunais afirmaram que ela provavelmente prevalecerá e poderá manter seu cargo enquanto o assunto é litigado. Ela negou qualquer irregularidade e não foi acusada de nenhum delito.

Com esse pano de fundo e com a preocupação de que o Fed esteja sendo inevitavelmente arrastado de seu mundo comparativamente isolado para o clima polarizado de Washington, as autoridades monetárias analisarão os dados econômicos mais recentes, atualizarão suas opiniões sobre o impacto de Trump na economia e divulgarão uma nova declaração de política monetária e projeções econômicas às 15h (horário de Brasília), com entrevista coletiva de Powell à imprensa prevista para 15h30.

"MUDANÇA NO BALANÇO DE RISCOS"

Um corte de 0,25 ponto tem sido a expectativa predominante há semanas, depois que as leituras do mercado de trabalho se tornaram decididamente brandas.

No entanto, depois de uma reunião de julho que já produziu duas dissidências dos diretores nomeados por Trump, Christopher Waller e Michelle Bowman, ambos defendendo um corte nas taxas, a reunião desta semana poderá ter ainda mais discordâncias.

A maioria dos analistas espera uma dissidência logo de cara de Miran, a favor de um corte maior, talvez acompanhada por Waller e Bowman, enquanto pelo menos um dos presidentes votantes do Fed -- o presidente do Fed de Kansas City, Jeffrey Schmid -- não havia recuado de sua postura 'hawkish' (que favorece juros elevados) com a aproximação da reunião.

Enquanto isso, as projeções divulgadas juntamente com a decisão sobre os juros serão as primeiras a incluir estimativas até o final de 2028, abrangendo efetivamente o mandato completo de Trump. As perspectivas para este ano e o próximo mostrarão como os dados recentes impactaram as opiniões das autoridades sobre inflação, desemprego e a trajetória das taxas de juros desde suas projeções anteriores em junho.

As projeções de junho mostraram preocupação com o aumento da inflação decorrente dos impostos do governo Trump sobre as importações, mas os dados desde então mostraram um crescimento do emprego mais lento do que o estimado anteriormente. Powell, em um discurso em agosto na conferência do Fed em Wyoming, disse ser um "cenário básico razoável" que os novos impostos de importação de Trump teriam apenas um impacto temporário sobre a inflação e que "a mudança no balanço de riscos pode justificar o ajuste de nossa postura de política monetária" com um corte nas taxas.

Desde então, os dados tenderam a reafirmar os riscos para o mercado de trabalho, embora a economia continue a crescer.

Os investidores preveem que o Fed reduzirá as taxas em 0,25 ponto percentual em suas reuniões de setembro, outubro e dezembro, com um ritmo mais lento de reduções no próximo ano.

As autoridades mantiveram a taxa em uma faixa de 4,25% a 4,50% desde dezembro, depois de reduzi-la em um ponto percentual completo em três reuniões no final de 2024.

No entanto, para justificar três cortes, as autoridades monetárias "terão que se inclinar para o risco de queda no mercado de trabalho", em um momento em que a inflação ainda pode acelerar pelo resto do ano, disse Ryan Sweet, economista-chefe da Oxford Economics para os EUA.

"A inflação continua sendo uma pedra no sapato do Fed e há sinais de que o repasse das tarifas se intensificará neste outono", disse Sweet.

Em seu último conjunto de projeções, em junho, a mediana dos formuladores de política monetária projetou que a medida de inflação preferida do Fed, o índice de preços das Despesas de Consumo Pessoal (PCE), seria de 3% no quarto trimestre do ano, significativamente mais alta do que a meta de 2% do banco central.

Aviso legal: as informações fornecidas neste site são apenas para fins educacionais e informativos e não devem ser consideradas consultoria financeira ou de investimento.
Tradingkey
Tradingkey
KeyAI