
Por Michael S. Derby e Ann Saphir
3 Set (Reuters) - Duas autoridades do Federal Reserve que falaram nesta quarta-feira disseram que as preocupações com o mercado de trabalho continuam a animar sua crença de que o banco central dos Estados Unidos ainda tem cortes na taxa básica de juros pela frente.
"Fui claro ao afirmar que acho que deveríamos fazer cortes na próxima reunião", disse o diretor do Fed Christopher Waller em uma entrevista à CNBC, reiterando a opinião que ele defende há algum tempo e que o levou a divergir da manutenção dos juros na reunião do banco central em julho em favor de uma redução.
"Queremos nos antecipar ao declínio do mercado de trabalho porque, geralmente, quando o mercado de trabalho fica ruim, ele fica ruim rapidamente", disse ele.
Ele acrescentou que um corte na taxa de juros na reunião de 16 e 17 de setembro não colocará a política monetária em uma trajetória pré-definida e que os dados podem direcionar o que o banco central faz. "Eu diria que nos próximos três a seis meses, poderemos ver vários cortes", acrescentou.
Falando separadamente, o presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, também reiterou sua opinião de que um corte está no horizonte, embora não tenha dito quando isso ocorrerá. "O mercado de trabalho está desacelerando o suficiente para que algum afrouxamento na política monetária -- provavelmente da ordem de 25 pontos-base -- seja apropriado durante o restante deste ano", disse Bostic.
Investidores veem um corte de 0,25 ponto percentual na atual taxa de juros, atualmente em 4,25% a 4,5%, na reunião do Fed neste mês como garantido.
Mas uma ampla gama de dados indica que o mercado de trabalho está enfraquecendo, o que está levando alguns membros do Fed a se concentrarem mais no lado do emprego de seu mandato.
"Tenho revisado minha avaliação dos riscos de baixa para os mercados de trabalho um pouco mais para cima, pois tenho visto alguma deterioração em alguns dos números subjacentes de pleno emprego, e tenho revisado minha avaliação do risco de inflação persistente acima da meta um pouco mais para baixo, em parte porque o repasse até agora das tarifas sobre a inflação tem sido baixo", disse o presidente do Fed de St. Louis, Alberto Musalem, em uma apresentação perante o Instituto Peterson de Economia Internacional.
A preocupação das autoridades com o mercado de trabalho foi, até certo ponto, apoiada por um relatório do governo divulgado nesta quarta-feira, que mostrou contratações moderadas e um número decrescente de vagas de emprego. O relatório Jolts mostrou que o número de vagas caiu 176.000 para 7,181 milhões no último dia de julho, uma taxa menor do que a esperada pelos economistas.
Musalem, no entanto, ofereceu poucas pistas sobre as perspectivas para os juros, além de dizer que a política monetária está atualmente no lugar certo, dado o desempenho econômico atual. Ele também disse em seu discurso que espera uma deterioração moderada no mercado de trabalho, com as pressões inflacionárias sofrendo um aumento de curto prazo devido às tarifas, antes de voltarem a 2% na parte final de 2026.
Waller e, até certo ponto, Musalem, veem as tarifas como um fator temporário que passará pela economia e, uma vez que isso aconteça, permitirá que as pressões sobre os preços voltem à meta.
((Tradução Redação Brasília))
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