Por Lucia Mutikani
WASHINGTON, 1 Ago (Reuters) - A criação de vagas de trabalho nos Estados Unidos ficou bem abaixo do esperado em julho, enquanto os dados do mês anterior foram revisados para baixo em 258.000 empregos, indicando uma deterioração nas condições do mercado de trabalho que coloca um corte de juros em setembro pelo Federal Reserve de volta à mesa.
A economia dos EUA abriu 73.000 vagas de emprego fora do setor agrícola no mês passado, após 14.000 em junho em dado revisado para baixo, o menor número em quase cinco anos, informou o Departamento do Trabalho em seu relatório de emprego nesta sexta-feira.
Economistas consultados pela Reuters previam abertura de 110.000 empregos, depois de 147.000 em junho, conforme relatado anteriormente. A taxa de desemprego subiu de 4,1% em junho para 4,2% em julho. As estimativas variaram de nenhum emprego adicionado a um total de 176.000 vagas.
Os dados de maio, por sua vez foram reduzidos em 125.000 empregos, resultando na criação de apenas 19.000 postos de trabalho. O departamento descreveu as revisões de maio e junho como "maiores do que o normal".
Não foi dada nenhuma razão para os dados revisados, mas o governo observou que "as revisões mensais resultam de relatórios adicionais recebidos de empresas e agências governamentais desde as últimas estimativas publicadas e do recálculo de fatores sazonais".
O aumento de empregos em julho continuou concentrado no setor de saúde, que criou 55.000 vagas.
Mas o número de empregos no governo federal caiu em mais 12.000 e já caiu 84.000 desde o pico em janeiro. Mais perdas de empregos são prováveis depois que a Suprema Corte permitiu que a Casa Branca realize demissões em massa, enquanto Trump busca cortar gastos e funcionários.
Na quarta-feira, o Fed manteve a taxa de juros na faixa de 4,25% a 4,50%.
Os comentários do chair do Fed, Jerome Powell, após a decisão minaram a confiança de que o banco central retomaria a política de afrouxamento monetário em setembro, como havia sido amplamente previsto pelos mercados financeiros e por alguns economistas.
Embora Powell tenha descrito o mercado de trabalho como estando em equilíbrio devido ao declínio simultâneo da oferta e da demanda, ele reconheceu que essa dinâmica "sugere um risco de queda".
O crescimento do emprego desacelerou em meio à incerteza sobre onde os níveis das tarifas do presidente Donald Trump acabarão por se estabelecer.
Na quinta-feira, Trump impôs tarifas pesadas a dezenas de parceiros comerciais antes do prazo final para um acordo comercial nesta sexta-feira, incluindo uma tarifa de 35% sobre muitos produtos do Canadá.
A repressão à imigração da Casa Branca reduziu a oferta de mão de obra, assim como a aceleração das aposentadorias dos "baby boomers".
A redução nos fluxos de imigração significa que a economia agora precisa criar cerca de 100.000 empregos por mês ou menos para acompanhar o crescimento da população em idade ativa, estimaram economistas.
O declínio da taxa de desemprego para 4,1% em junho deveu-se, em parte, ao fato de as pessoas terem saído da força de trabalho. O aumento de julho ainda deixou a taxa de desemprego na estreita faixa de 4,0% a 4,2% que tem prevalecido desde maio de 2024.
Os mercados financeiros esperam que o Fed retome o afrouxamento da política monetária no mês que vem, após adiar as expectativas de corte de juros para outubro, na esteira da decisão de quarta-feira.
(Reportagem de Lucia Mutikani)
((Tradução Redação São Paulo))
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