Por Michael S. Derby
1 Ago (Reuters) - Os dois diretores do Federal Reserve que favoreceram um corte na taxa de juros nesta semana disseram nesta sexta-feira que o fizeram devido às preocupações com o mercado de trabalho, em meio a expectativas de que aumentos de preços relacionados a tarifas não levarão a pressões duradouras de preços.
"Com a desaceleração do crescimento econômico neste ano e os sinais de um mercado de trabalho menos dinâmico, considerei apropriado começar a mudar gradualmente nossa política monetária moderadamente restritiva para uma configuração neutra", disse a diretora Michelle Bowman, em um comunicado.
"Em minha opinião, essa ação teria fornecido proteção contra um enfraquecimento ainda maior da economia e o risco de danos ao mercado de trabalho", disse ela.
O diretor Christopher Waller disse em um comunicado separado que "com a inflação subjacente próxima da meta e os riscos de alta da inflação limitados, não devemos esperar até que o mercado de trabalho se deteriore para cortar a taxa de juros".
Ele afirmou que o mercado de trabalho está se aproximando da velocidade de estagnação e que a taxa do Fed deveria estar mais próxima de seu nível neutro.
Waller disse sobre a abordagem mais ampla do Fed em relação à política monetária no momento que "acredito que a abordagem de esperar para ver é excessivamente cautelosa e, em minha opinião, não equilibra adequadamente os riscos para a perspectiva e pode levar a política a ficar atrás da curva".
As autoridades se manifestaram depois de votar contra a decisão do Comitê Federal de Mercado Aberto na quarta-feira de manter a taxa de juros na faixa de 4,25% a 4,50%. As dissidências marcaram a primeira vez que dois diretores se opuseram à opinião consensual do Fed desde 1993.
Os comentários feitos por Waller e Bowman antes da reunião levaram muitos observadores a projetar suas dissidências.
Waller foi mais explícito ao defender juros mais baixos, dizendo que os riscos estão aumentando para o mercado de trabalho, enquanto os aumentos de inflação relacionados às tarifas provavelmente serão uma mudança única que o Fed poderia ignorar.
Bowman também expressou ceticismo de que as tarifas causariam problemas de inflação sustentada.
As dissidências despertaram interesse devido às correntes políticas mais amplas que afetam o Fed.
O presidente Donald Trump tem pressionado agressivamente por cortes de juros, criticando o chair Jerome Powell por não atender às exigências da Casa Branca.
Waller, que observou no mês passado que sua opinião não é "política", é amplamente considerado como candidato a sucessor de Powell quando seu mandato expirar em maio do próximo ano.
Bowman, que foi recentemente elevada à função de supervisora de bancos do Fed por Trump, estava anteriormente na extremidade mais "hawkish" do espectro da política monetária, tendo discordado ano passado a favor de um corte menor nos juros do que o realizado pelo Fed.
A próxima reunião de política monetária do Fed está agendada para 16 e 17 de setembro.
((Tradução Redação São Paulo, +55 11 5047-3075))
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