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Eventual tarifa recíproca do Brasil aos EUA reduziria PIB brasileiro em 0,17 p.p, calcula Inter

Reuters28 de jul de 2025 às 19:28

- A adoção de uma tarifa recíproca contra os Estados Unidos, caso os norte-americanos confirmem a aplicação de uma taxa de 50% sobre os produtos brasileiros a partir de 1º de agosto, levaria à redução do PIB do Brasil em apenas 0,17 ponto percentual em 2025, mas com efeitos setoriais significativos, indicou relatório divulgado nesta segunda-feira pelo Inter.

Assinado pelo economista sênior do Inter, André Valério, e pelo assistente de Pesquisa Macroeconômica, Gustavo Menezes, o estudo avalia que uma retaliação "olho por olho" do Brasil à tarifa de 50% dos EUA teria impacto macroeconômico "pequeno", mas uma "ampla dispersão" setorial, com efeitos de segunda ordem.

Segundo o estudo do Inter, 56 dos 66 setores perdem neste cenário, com a indústria química sofrendo um decréscimo de 6,3 p.p. na produção, seguida por quedas menores em outros segmentos da indústria de transformação, que como um todo apresentaria redução de 2,1 p.p. no valor agregado.

De acordo com Valério e Menezes, o exercício sugeriu que "a retaliação não seria uma abordagem benéfica ao país, justamente por aumentar as distorções da economia".

"O setor doméstico de carvão -- o mais protegido pelas tarifas -- seria um dos mais prejudicados, por conta da alta dependência de insumos químicos, enfatizando os possíveis danos que podem ser gerados por uma política de retaliação que não considera as nuances setoriais da economia", acrescentou o estudo.

O Inter projeta atualmente crescimento de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2025 -- um pouco abaixo do crescimento de 2,23% da mediana do mercado, conforme o boletim Focus. A projeção do Inter leva em conta apenas a aplicação de tarifa de 50% pelos EUA, sem qualquer retaliação brasileira.

Em 9 de julho o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou a cobrança de 50% de tarifa sobre os produtos brasileiros a partir de 1º de agosto, vinculando a decisão, entre outros fatores, ao tratamento recebido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, que é julgado por tentativa de golpe de Estado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

O fato de Trump utilizar um argumento político -- e não comercial -- para justificar a tarifação vem dificultando as iniciativas do governo Lula para negociar com os EUA.

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