
Por Andrea Shalal
WASHINGTON, 18 Jul (Reuters) - O Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou nesta sexta-feira que os riscos relacionados às tensões comerciais continuam a obscurecer as perspectivas econômicas globais e que a incerteza permanece alta, apesar do aumento do comércio e da melhoria das condições financeiras.
A primeira diretora-gerente adjunta do FMI, Gita Gopinath, disse que o fundo atualizará sua previsão global posteriormente em julho, devido à "antecipação dos aumentos tarifários e de alguns desvios comerciais", juntamente com a melhoria das condições financeiras e sinais de queda contínua da inflação.
Em abril, o FMI reduziu suas previsões de crescimento para os Estados Unidos, a China e a maioria dos países, citando o impacto das tarifas dos EUA sobre as importações, que agora atingem o maior nível em 100 anos, e alertando que o aumento das tensões comerciais desaceleraria ainda mais o crescimento.
Na ocasião, a previsão de crescimento global foi reduzida em 0,5 ponto percentual, para 2,8% em 2025, e em 0,3 ponto percentual, para 3% em 2026. Economistas esperam uma leve revisão para cima quando o FMI divulgar uma previsão atualizada no final de julho.
Gopinath disse às autoridades financeiras do G20, que se reuniram esta semana na África do Sul, que as tensões comerciais continuaram a complicar as perspectivas econômicas.
"Embora atualizemos nossa previsão global no final de julho, os riscos de queda continuam a dominar as perspectivas e a incerteza permanece alta", disse ela.
Ela pediu aos países que resolvam as tensões comerciais e implementem mudanças nas políticas para lidar com desequilíbrios internos subjacentes, incluindo a redução dos gastos fiscais e a colocação da dívida em uma trajetória sustentável.
Gopinath também ressaltou a necessidade de as autoridades de política monetária calibrarem cuidadosamente suas decisões de acordo com as circunstâncias específicas de seus países e enfatizou a necessidade de proteger a independência de bancos centrais. Esse foi um tema fundamental no comunicado do G20 divulgado pelas autoridades financeiras.
Gopinath disse que fluxos de capital para mercados emergentes e para economias em desenvolvimento permaneceram lentos, mas resistentes, em face do aumento da incerteza política e da volatilidade do mercado. Para muitos tomadores de empréstimos, as condições de financiamento continuaram apertadas.
Para países com dívidas em níveis insustentáveis, medidas proativas são essenciais, afirmou Gopinath, repetindo o apelo do FMI por mecanismos de reestruturação de dívidas eficientes e em tempo hábil.
É preciso trabalhar mais nessa questão, inclusive permitindo que os países de renda média tenham acesso à Estrutura Comum do G20 para a Reestruturação da Dívida, disse ela.
((Tradução Redação Brasília))
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