
Por Michael S. Derby
NOVA YORK, 16 jul (Reuters) - O presidente do Federal Reserve de Nova York, John Williams, disse nesta quarta-feira que a política monetária está no lugar certo para permitir que o banco central monitore a economia antes de tomar as próximas medidas, alertando que o impacto das tarifas comerciais está apenas começando a atingir a economia.
“Manter essa postura modestamente restritiva da política monetária é inteiramente apropriado para atingir nossas metas de emprego máximo e estabilidade de preços”, disse Williams em comentários preparados para serem apresentados perante um encontro da Associação de Economia Empresarial de Nova York.
Manter os níveis atuais “permite tempo para analisar atentamente os dados recebidos, avaliar a evolução das perspectivas e avaliar o equilíbrio de riscos para atingir nossas metas de mandato duplo”.
Williams afirmou ainda que a situação atual da economia é boa e que os mercados de trabalho estão sólidos, embora espere que ambos se moderem à medida que o ano avança.
O presidente do Fed de Nova York destacou a incerteza contínua e alertou contra a complacência com o impacto do aumento do imposto de importação imposto pelo presidente Donald Trump.
“É importante observar que ainda é cedo para perceber os efeitos das tarifas, que levam tempo para entrar em vigor”, disse Williams. “Embora estejamos observando apenas efeitos relativamente modestos das tarifas nos dados agregados concretos até o momento, espero que esses efeitos aumentem nos próximos meses.”
“Espero que as tarifas aumentem a inflação em cerca de 1 ponto percentual no segundo semestre deste ano e na primeira parte do ano que vem”, acrescentou.
Williams acrescentou que espera que a economia desacelere para uma taxa de crescimento de cerca de 1% este ano, e que a taxa de desemprego, agora em 4,1%, suba para 4,5% até o final de 2025.
Em relação à inflação, Williams disse que prevê uma taxa entre 3% e 3,5% este ano, antes de recuar para "cerca de" 2,5% no próximo ano. Williams prevê uma inflação na meta de 2% em 2027. Ele também disse que espera que a inflação em junho fique em 2,5% e o núcleo dos preços em 2,75%.
Os comentários de Williams surgem em um dia tumultuado para o banco central, já que os mercados foram atingidos por relatos de que Trump estava se aproximando da demissão do chair do Fed, Jerome Powell, uma ideia que o presidente posteriormente descartou.
Trump criticou repetidamente o Fed por não cortar as taxas, argumentando que o banco central precisa reduzir o custo do crédito de curto prazo para níveis de crise. Enquanto isso, a maioria das autoridades do Fed afirma estar em modo de espera em relação aos cortes de juros, enquanto observam como as tarifas do presidente afetarão a inflação, que mesmo agora está em níveis acima da meta de 2% do Fed.
Na reunião de política monetária do Fed em junho, as autoridades previram dois cortes de juros para o final deste ano, e os mercados acreditam que as flexibilizações podem começar na reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) de setembro.
(Reportagem de Michael S. Derby)
((Tradução Redação São Paulo))
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