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Temores de inflação do Fed podem começar a se concretizar com os dados de junho dos preços ao consumidor

Reuters15 de jul de 2025 às 11:16

Por Howard Schneider

- Os Estados Unidos devem informar nesta terça-feira que o aumento dos custos dos produtos importados elevou os preços gerais ao consumidor em junho, dando início ao que pode ser pelo menos vários meses de elevações e fornecendo às autoridades do Federal Reserve dados sobre se as tarifas do governo Trump estão aumentando a inflação.

O chair do Fed, Jerome Powell, apontou meados do ano como o momento em que o banco central dos EUA provavelmente saberá se a inflação está respondendo às tarifas aplicadas pelo governo Trump aos parceiros comerciais e a vários setores industriais.

Até o momento, as tarifas tiveram apenas um impacto limitado sobre a inflação, fato que o presidente Donald Trump usou para criticar Powell e exigir que o Fed reduza a taxa de juros.

Mas isso não significa que uma inflação mais alta não esteja a caminho, à medida que as empresas esgotam os estoques comprados antes da entrada em vigor das tarifas ou usam outras ferramentas disponíveis para evitar o aumento dos preços para seus clientes.

"Sabemos que há uma defasagem entre a implementação e o efeito inflacionário", disse Gregory Daco, economista-chefe da EY-Parthenon. "As empresas gerenciam as importações usando processos diferentes... Ainda não vimos os efeitos completos das tarifas nos dados dos preços ao consumidor... Eu esperaria começar a ver mais."

O Departamento do Trabalho dos EUA divulgará os dados mais recentes do índice de preços ao consumidor às 9h30 (horário de Brasília). A previsão em pesquisa da Reuters com economistas indica que o índice, excluindo os preços voláteis de alimentos e energia, aumentou a uma taxa anual de 3% no mês passado, um pouco mais rápido do que em maio.

Essa leitura provavelmente deixaria o índice PCE, que o Fed usa para sua meta de inflação de 2%, suficientemente acima dessa meta para manter a taxa de juros básica na faixa de 4,25% a 4,50% ao final da reunião do Fed de 29 e 30 de julho.

Investidores preveem que o Fed voltará a cortar os juros em setembro, embora os banqueiros centrais dos EUA digam que qualquer medida desse tipo dependerá do comportamento da inflação e de outros aspectos da economia.

Os níveis finais das tarifas dos EUA ainda não estão definidos, com taxas de 30% ou mais ameaçadas por Trump em relação ao México, Canadá e União Europeia, tarifas mais altas sobre automóveis e muitos metais industriais já em vigor e a possibilidade de que haja mais movimentos.

Para o Fed, a forma como o processo está se desenrolando alimenta preocupações de que o debate prolongado, as reversões das medidas e a incerteza, e a possibilidade de Trump estabelecer níveis mais altos do que os esperados atualmente contribuam para aumentar o risco de inflação.

O índice PCE excluindo alimentos e energia subiu a uma taxa anual de 2,7% em maio. Projeções recentes das autoridades do Fed preveem que ele chegue a 3,1% até o final de 2025; e a mais recente rodada de tarifas ameaçada por Trump para 1º de agosto pode elevá-lo ainda mais.

As novas taxas, "se repassadas integralmente, acrescentariam cerca de 0,4 ponto percentual ao nível de preços do PCE", estimou Michael Feroli, economista-chefe do JP Morgan para os EUA. "Dado o repasse imperfeito e a compressão da margem, uma estimativa mais provável é de 0,2 a 0,3 ponto. Acreditamos que isso reforça o argumento de que o Fed deve adotar uma abordagem muito cautelosa em relação aos cortes nos juros."

Economistas observarão os dados em busca de sinais do repasse aos preços de varejo das tarifas impostas até o momento, principalmente sobre os produtos da China, o terceiro maior parceiro comercial dos EUA, depois do México e do Canadá.

((Tradução Redação São Paulo))

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