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Powell diz que Fed precisa administrar risco de que inflação tarifária se mostre persistente

Reuters25 de jun de 2025 às 19:28

Por Howard Schneider e Ann Saphir

- Os planos tarifários do governo Trump podem muito bem provocar apenas um salto pontual nos preços, mas o risco de causar uma inflação mais persistente é grande o suficiente para que o banco central norte-americano seja cuidadoso ao considerar novos cortes nos juros, disse o chair do Federal Reserve, Jerome Powell, a um painel do Senado dos Estados Unidos nesta quarta-feira.

Embora a teoria econômica possa apontar as tarifas como um choque pontual nos preços, "isso não é uma lei da natureza", disse Powell, detalhando por que o banco central quer mais informações sobre o nível final das tarifas e a forma como elas afetam os preços e as expectativas do público sobre a inflação antes de reduzir ainda mais os custos dos empréstimos.

"Se os efeitos chegarem rapidamente e acabarem, então, sim, é muito provável que seja um caso isolado", que não levará a uma inflação mais persistente, disse Powell. Mas "é um risco que sentimos. Como pessoas que devem manter os preços estáveis, precisamos gerenciar esse risco. Isso é tudo o que estamos fazendo", mantendo os juros inalterados por enquanto.

Os efeitos das tarifas "podem ser grandes ou pequenos. É algo que deve ser abordado com cuidado. Se cometermos um erro, as pessoas pagarão o custo por um longo tempo".

Autoridades do Fed ainda esperam cortar os juros este ano, mas o momento é incerto, conforme aguardam os próximos prazos comerciais e esperam ter mais certeza sobre o escopo das tarifas que serão impostas e as formas como o aumento das taxas de importação influenciam os preços e o crescimento econômico.

Dois dias de audiências pouco fizeram para mudar as expectativas em relação à política monetária do Fed, com investidores ainda prevendo dois cortes este ano.

Mas destacaram a divergência persistente entre o chair do Fed e o presidente Donald Trump, que quer que o banco central reduza os juros imediatamente.

O descontentamento do presidente com Powell tem suas raízes na recusa do banco central em reduzir os juros, já que os planos tarifários de Trump, na visão de um amplo conjunto de analistas e economistas, aumentaram o risco de uma inflação mais alta.

DIFERENTE DESTA VEZ

Powell destacou que o Fed não tem nenhum exemplo moderno de aumentos de tarifas do tamanho que Trump está considerando, com as que o presidente impôs em seu primeiro mandato muito menores do que parece provável agora e promulgadas em um momento em que a inflação estava baixa.

O fato de a inflação estar acima da meta de 2% do Fed há cerca de quatro anos, segundo autoridades do banco central, pode fazer com que um novo aumento nos preços tenha maior probabilidade de se transformar em uma rodada mais persistente de aumentos de preços.

Mesmo com a inflação mais moderada do que o esperado, o banco central dos EUA espera que as tarifas levem a preços mais altos a partir de meados do ano, disse Powell à Câmara na terça-feira, e o Fed não se sentirá confortável em cortar a taxa de juros até que veja se os preços sobem de forma mais persistente.

"Devemos começar a ver isso durante o verão, nos números de junho e julho... Se isso não acontecer, estaremos perfeitamente abertos à ideia de que o repasse (aos consumidores) será menor do que pensamos e, se isso acontecer, será importante para a política monetária", disse Powell na terça-feira.

As tarifas já aumentaram para alguns produtos, mas há um prazo final em 9 de julho para o aumento das taxas sobre um amplo conjunto de países - sem nenhuma certeza sobre se o governo voltará à tarifa básica de 10% que os analistas estão usando como mínima, ou se imporá algo mais agressivo.

((Tradução Redação São Paulo, +55 11 5047-3075))

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