Por Howard Schneider
WASHINGTON, 12 Mai (Reuters) - As autoridades do Federal Reserve estão tendo dificuldades para avaliar a força subjacente da economia norte-americana, dadas as rápidas mudanças na política comercial e o impacto sobre as famílias e as empresas, que buscaram no início do ano comprar produtos importados, disse a diretora do banco central Adriana Kugler nesta segunda-feira.
Falando um dia depois que negociadores dos Estados Unidos e da China concordaram em suspender temporariamente as tarifas mais punitivas de seus países por 90 dias, Kugler disse que a situação tem atrapalhado a capacidade do Fed de ver o que está por vir em termos de crescimento e inflação.
O provável impacto do aumento das taxas de importação é o avanço dos preços e o enfraquecimento do crescimento, mas até que ponto e durante qual período permanece incerto, uma vez que o governo do presidente Donald Trump negocia com os países enquanto uma ampla série de tarifas permanece suspensa.
O anúncio de um acordo entre os EUA e a China para adiar as tarifas mais punitivas fez com que os investidores esperassem menos cortes na taxa de juros pelo Fed neste ano, uma vez que as tarifas mais baixas são vistas como um possível impulso ao crescimento.
"Atualmente, é difícil avaliar o ritmo subjacente de crescimento da economia dos EUA", disse Kugler em comentários preparados para serem entregues em um evento no banco central da Irlanda.
"As políticas comerciais estão evoluindo e é provável que continuem mudando, mesmo recentemente, nesta manhã. Ainda assim, parece provável que elas gerem efeitos econômicos significativos, mesmo que as tarifas permaneçam próximas aos níveis anunciados atualmente."
Kugler observou que a contração da produção econômica dos EUA no primeiro trimestre foi distorcida por um salto histórico nas importações, enquanto o consumo interno ainda se expandiu.
No entanto, o aumento nas compras domésticas provavelmente também foi inflado por famílias e empresas que buscaram evitar tarifas, disse Kugler, possivelmente preparando o terreno para um consumo menor no futuro.
A grande incerteza e a volatilidade em torno da política econômica subjacente levaram as autoridades do Fed a dizer que provavelmente manterão a taxa de juros na faixa atual de 4,25% a 4,50% até que as perspectivas se tornem mais claras.
"Considerando os riscos de alta para a inflação e considerando que ainda vejo nossa postura política como um tanto restritiva, apoiei a decisão de manter os juros nesse nível", disse Kugler, referindo-se à decisão do Fed na semana passada.
"Considero nossa postura atual de política monetária bem posicionada para quaisquer mudanças no ambiente macroeconômico."
((Tradução Redação São Paulo, +55 11 5047-3075))
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