GENEBRA, 12 Mai (Reuters) - Estados Unidos e China chegaram a um acordo para reduzir temporariamente tarifas recíprocas, numa altura em que as duas maiores economias do mundo procuram pôr fim a uma guerra comercial prejudicial que tem alimentado receios de recessão e colocado os mercados financeiros em alerta.
O secretário norte-americano do Tesouro, Scott Bessent, afirmou que as duas partes chegaram a acordo sobre uma pausa de 90 dias nas medidas e que as tarifas seriam reduzidas em mais de 100 pontos percentuais para uma taxa base de 10%.
"Ambos os países defenderam muito bem os seus interesses nacionais", afirmou Bessent, esta segunda-feira. "Ambos temos interesse num comércio equilibrado e os Estados Unidos continuarão a avançar nesse sentido".
O dólar apreciou face às principais moedas e os mercados subiram após a notícia, o que ajudou a acalmar os receios sobre uma desaceleração desencadeada no mês passado pela escalada do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de medidas tarifárias destinadas a reduzir o défice comercial norte-americano.
Bessent falou ao lado do representante comercial dos Estados Unidos, Jamieson Greer, após as negociações do fim-de-semana na Suíça, nas quais ambas as partes saudaram o progresso na redução das diferenças.
"O consenso das duas delegações neste fim-de-semana é que nenhum dos lados quer uma dissociação", disse Bessent. "E o que aconteceu com estas tarifas muito elevadas (...) foi o equivalente a um embargo, e nenhum dos lados quer isso. Nós queremos comércio".
As reuniões de Genebra foram as primeiras interacções face-a-face entre altos responsáveis económicos de Estados Unidos e China desde que Trump voltou ao poder e lançou uma ataque tarifário global rápido, impondo taxas particularmente pesadas à China.
Desde que tomou posse, em Janeiro, Trump aumentou para 145% as tarifas pagas pelos importadores norte-americanos de produtos provenientes da China, para além dos que impôs a muitos produtos chineses durante o seu primeiro mandato e dos direitos cobrados pela administração Biden.
A China respondeu com a imposição de restrições à exportação de alguns elementos de terras raras, vitais para os fabricantes norte-americanos de armas e bens de consumo electrónicos, e com o aumento dos direitos aduaneiros sobre os produtos norte-americanos para 125%.
O conflito tarifário paralisou cerca de 600 mil milhões de dólares no comércio bilateral, perturbando as cadeias de abastecimento, provocando receios de estagflação e desencadeando alguns despedimentos.
Os mercados financeiros foram impulsionados pelo último degelo na guerra comercial e os futuros das acções de Wall Street subiram, já que as conversações aumentaram as esperanças de que uma recessão global possa ser evitada.
Na sequência das conversações de domingo, as autoridades norte-americanas elogiaram o "acordo" para reduzir o défice comercial dos Estados Unidos, enquanto que as autoridades chinesas disseram que os dois tinham chegado a um "consenso importante" e concordaram em lançar outro novo fórum de diálogo económico.
Trump fez uma leitura positiva das conversações antes da sua conclusão, dizendo que as duas partes tinham negociado "um 'reset' total... de uma forma amigável, mas construtiva".
O Presidente dos Estados Unidos cobrou tarifas em parte após declarar uma emergência nacional sobre a entrada de fentanil nos Estados Unidos, e Greer disse que as conversas sobre como conter o opioide mortal foram "muito construtivas", embora numcaminho separado.
O vice-primeiro-ministro chinês, He Lifeng, foi menos categórico nas suas declarações, mas não deixou de saudar os "progressos substanciais" registados nas conversações que tiveram lugar na 'villa' privada do embaixador suíço nas Nações Unidas, com vista para o Lago Genebra.
Texto integral em inglês: [nL8N3RK0EY}