Por Ankur Banerjee
CINGAPURA, 21 Jan (Reuters) - Os rendimentos dos Treasuries caíram para mínimas de duas semanas nesta terça-feira depois que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deixou de impor tarifas em seu primeiro dia no cargo, mas disse que está pensando em implementá-las, mantendo os investidores preocupados com a inflação.
Em seu discurso de posse, Trump declarou emergências de imigração e energia, mas apenas mencionou brevemente as tarifas e emitiu um memorando que somente orienta as agências a investigar e remediar os déficits comerciais persistentes.
Isso alimentou as expectativas de que o novo governo adotará uma abordagem gradual para as tarifas, provocando ganhos de curta duração na maioria das moedas que não o dólar, com os futuros de ações também subindo antes que novos comentários de Trump abalassem os mercados.
Trump disse que está pensando em impor tarifas de 25% sobre as importações do Canadá e do México já em 1º de fevereiro, sem oferecer detalhes. Ele também disse que quer reverter o déficit comercial dos EUA com a União Europeia, seja com tarifas ou com mais exportações de energia.
A reação no mercado após esses comentários foi sentida principalmente nas moedas, com os rendimentos dos Treasuries permanecendo em queda já que os investidores aguardam mais detalhes.
"Nossa opinião continua sendo a de que as tarifas são uma ferramenta de negociação, e devemos ver mais manchetes nos próximos dias", disse Mohit Kumar, da Jefferies.
"Posteriormente, é provável que Trump se abstenha de impor as tarifas de 25% pretendidas."
O rendimento do Treasury de dez anos US10YT=RR --referência global para decisões de investimento-- caía 3 pontos-base, a 4,585%, depois de atingir a mínima de mais de duas semanas de 4,53%.
O retorno do papel de 30 anos US30YT=RR recuava 3 pontos-base, a 4,811%.
O rendimento do Treasury de dois anos US2YT=RR--que reflete apostas para os rumos das taxas de juros de curto prazo-- tinha queda de 0 pontos-base, a 4,27%. No início desta terça-feira, a taxa atingiu seu nível mais baixo desde 2 de janeiro, em 4,2190%.
Analistas alertaram que mesmo uma abordagem comedida em relação às tarifas pode alimentar as preocupações com a inflação e manter os juros dos EUA mais altos por mais tempo.
"Se observarmos o que Trump disse em seu discurso, parece que ele está bastante firme em relação às tarifas", disse Zachary Griffiths, estrategista sênior de grau de investimento da CreditSights.
"Se as tarifas forem mais graduais, mas ainda assim grandes, em termos de porcentagem, para uma ampla gama de países (...) isso pode ser mais desafiador para o Fed do ponto de vista da inflação e pode até resultar em uma política monetária mais apertada por mais tempo", disse Griffiths.
(Reportagem de Ankur Banerjee e Greta Rosen Fondahn)
((Tradução Redação São Paulo))
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