
Existe uma longa trajetória que liga Warren Buffett à Alphabet/Google, e a história começa com o que Larry Page e Sergey Brin escreveram publicamente há 21 anos no prospecto da oferta pública inicial (IPO) do Google.
Nesse documento, Larry e Sergey contaram aos investidores quem influenciou seu pensamento, de onde vieram suas ideias, quando aprenderam com elas, por que usaram aquele modelo e qual documento orientou sua estrutura.
Os dois homens intitularam sua carta de fundadores como "Um Manual do Proprietário para os Acionistas do Google" e acrescentaram uma nota de rodapé dizendo que grande parte da carta foi inspirada nos ensaios de Warren nos relatórios anuais da Berkshire Hathaway e no próprio manual da Berkshire.
A história voltou ao assunto mais de duas décadas depois, quando a Berkshire Hathaway revelou na última sexta-feira quem fez um novo investimento, para onde foi o dinheiro, quando o registro foi concluído, por que isso é importante para a estratégia da empresa e qual registro o confirmou.
O documento revelou que a Berkshire agora detém uma participação de cerca de US$ 4,3 bilhões na Alphabet, tornando-se a décima maior participação acionária da empresa. Essa notícia impulsionou as ações da Alphabet em 3% na segunda-feira, com as mesas de operações reagindo a uma posição incomum no setor de tecnologia por parte de uma empresa que geralmente se mantém distante de empresas de rápido crescimento.
Esta é a primeira vez que se sabe que a Berkshire detém uma posição na Google, o que é incomum, pois Warren Buffett evitou o setor durante a maior parte de sua trajetória como investidor.
O momento também chama a atenção: Warren, agora com 95 anos, deixará o cargo de CEO no final deste ano, e Greg Abel se prepara para assumir. Isso significa que a participação na Alphabet fará parte do portfólio da Berkshire durante a transição de liderança.
O arrependimento já foi declarado há anos. Em 2017, Warren afirmou que deveria ter comprado o Google muito antes, principalmente porque a Geico, seguradora pertencente à Berkshire, pagava altas contas de publicidade à rede do Google. Ele também disse que perdeu a oportunidade de participar do mercado da Amazon, que a Berkshire finalmente comprou em 2019 e da qual ainda detém cerca de US$ 2,2 bilhões.
O interesse de compra surgiu durante um ano em que as ações da Alphabet subiram 50%, ficando pouco abaixo de sua máxima histórica atingida na semana passada.
A empresa registrou seu primeiro trimestre com faturamento de US$ 100 bilhões no terceiro período, impulsionado pelo Google Cloud, que administra as ferramentas de inteligência artificial da empresa. A unidade de nuvem possui uma carteira de pedidos de US$ 155 bilhões, demonstrando compromissos de longo prazo com os clientes.
A Alphabet também lançou novos chips para seus serviços de IA, o que a coloca no mesmo patamar de empresas que competem para construir hardware avançado para cargas de trabalho de IA.
Mesmo com resultadostron, as ações da Alphabet são negociadas a um preço inferior ao da maioria das gigantes focadas em IA. O índice P/L está em 26 vezes o lucro projetado para o próximo ano, enquanto o da Microsoft é negociado a 32, o da Broadcom a 51 e o da Nvidia a 42. Esses números explicam por que os investidores dizem que a Alphabet ainda parece menos cara do que suas concorrentes.
A ascensão financeira de Larry e Sergey reflete o crescimento do Google. A Forbes os classifica em sétimo e oitavo lugar no ranking de bilionários. Warren ocupa a sexta posição, colocando os três bem próximos na lista de riqueza global.
O prospecto do IPO mostrou a profunda influência de Warren na fundação do Google. Larry e Sergey escreveram que a pressão externa muitas vezes leva as empresas a abandonar planos de longo prazo em prol de resultados de curto prazo.
Eles citaram Warren diretamente: “Não vamos 'suavizar' os resultados trimestrais ou anuais: se os números de lucros forem irregulares quando chegarem à sede, serão irregulares quando chegarem até vocês.”
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