
Por Jarrett Renshaw e Dmitry Zhdannikov
16 Dez (Reuters) - A empresa saudita Midad Energy surgiu como uma das principais candidatas à compra dos ativos internacionais da gigante petrolífera russa Lukoil LKOH.MM, alavancando fortes laços políticos com Moscou e Washington, disseram três pessoas familiarizadas com o assunto.
Os ativos, avaliados em cerca de US$ 22 bilhões e abrangendo (link) campos de petróleo, refinarias e milhares de postos de combustível em todo o mundo atraíram propostas de cerca de uma dúzia de investidores, incluindo as gigantes petrolíferas norte-americanas Exxon Mobil (link) XOM.N e Chevron CVX.N e a empresa de private equity Carlyle (link), disseram fontes.
A Lukoil pretende vender suas operações no exterior, após estas terem sido prejudicadas pelas amplas sanções impostas pelos EUA em outubro, com o objetivo de pressionar a Rússia a encerrar a guerra na Ucrânia (link).
A Midad Energy e a Lukoil recusaram-se a comentar. O Departamento do Treasury dos EUA não respondeu imediatamente aos pedidos de comentários.
Abdulelah Al-Aiban, presidente-executivo da Midad Energy, é irmão de Musaed Al-Aiban, influente conselheiro de segurança nacional da Arábia Saudita, que participou das negociações de paz entre EUA e Rússia na Arábia Saudita em fevereiro. Seu pai, Mohamed Al-Aiban, foi o primeiro chefe da inteligência do reino.
A proposta da Midad Energy surge em um contexto de crescente cooperação econômica entre os EUA e a Arábia Saudita sob a presidência de Donald Trump, consolidando décadas de laços nas áreas de energia e segurança. Somente em 2025, Riad e Washington assinaram acordos que abrangem defesa, energia e tecnologia, com a Arábia Saudita prometendo investimentos de até US$ 1 trilhão.
A Midad Energy possui uma ambiciosa estratégia de expansão, reforçada por um acordo de US$ 5,4 bilhões com a Argélia (link) em outubro.
A Midad Energy planeja uma oferta à vista pelos ativos da Lukoil, com os fundos mantidos em custódia até que as sanções contra a empresa russa sejam suspensas, disseram as fontes. O negócio pode envolver empresas americanas, acrescentou uma das fontes.
O Departamento do Treasury dos EUA já bloqueou outros dois licitantes - Gunvor (link) e o banco norte-americano Xtellus Partners (link) - de comprar ativos da Lukoil, destacando os obstáculos geopolíticos.
As sanções de Washington, que também foram impostas à Rosneft ROSN.MM, outra grande empresa petrolífera russa, impedem os cidadãos norte-americanos de negociar com as empresas, congelam seus interesses nos EUA e cortam importantes fontes de financiamento.
A Lukoil tem até 17 de janeiro para vender os ativos, de acordo com o prazo mais recente (link) definido pelo Treasury.