
Por Sarita Chaganti Singh
NOVA DELI, 16 Dez (Reuters) - A Índia propôs uma lei que põe fim a seis décadas de monopólio estatal sobre a energia nuclear, permitindo que empresas privadas e até mesmo indivíduos construam e operem reatores.
O novo projeto de lei (link) deve ser aprovado pelas câmaras baixa e alta do parlamento para se tornar lei.
Eis o que você precisa saber:
QUAL É A REGULAMENTAÇÃO EM TORNO DA LEI NUCLEAR CIVIL?
Desde 1962, os projetos nucleares eram restritos a empresas subordinadas ao Departamento de Energia Atômica, principalmente à Nuclear Power Corporation of India (NPCIL). Uma emenda de 2015 permitiu que outras empresas estatais formassem joint ventures com a NPCIL para desenvolver usinas. Desde então, a NPCIL se uniu a três empresas estatais – NTPC, IOC e NALCO – mas nenhuma dessas parcerias concluiu as usinas propostas.
QUAIS SÃO AS MUDANÇAS PROPOSTAS?
O Projeto de Lei de Aproveitamento Sustentável e Avanço da Energia Nuclear para a Transformação da Índia, de 2025, põe fim ao monopólio do governo, permitindo que empresas privadas sejam proprietárias e operem integralmente as usinas nucleares. Atividades sensíveis, como enriquecimento de combustível, reprocessamento de combustível irradiado e produção de água pesada, permanecerão sob controle governamental.
POR QUE ISSO É TÃO IMPORTANTE?
A Índia pretende aumentar (link) a sua capacidade nuclear para 100 gigawatts em 20 anos, partindo dos atuais 8,2 GW, tornando a energia atômica uma parte fundamental do seu plano de energia limpa. A legislação proposta poderá atrair bilhões de dólares de empresas privadas como a Tata Power TTPW.NS, a Adani Power ADAN.NS e a Reliance Industries RELI.NS, que já anunciaram planos de investimento em energia nuclear. Empresas privadas também poderão importar (link) e processar urânio, enquanto empresas estrangeiras podem se associar (link) com empresas indianas.
PARTICIPAÇÃO ESTRANGEIRA?
Fornecedores globais, incluindo a Westinghouse Electric e a GE-Hitachi dos Estados Unidos, a EDF da França EDFBE.UL e a russa Rosatom manifestaram interesse em fornecer tecnologia e equipamentos para os projetos nucleares da Índia. O projeto de lei propõe investimento estrangeiro direto em joint ventures com empresas indianas.
COMO ISSO FACILITOU AS LEIS DE RESPONSABILIDADE CIVIL?
O projeto de lei retira (link) uma cláusula que permitia aos operadores processar fornecedores de equipamentos por defeitos — um obstáculo para fornecedores estrangeiros. A mudança reduz o risco legal, torna o seguro viável para os fornecedores e espera-se que atraia tecnologia e investimento globais.
QUAIS SÃO AS MEDIDAS DE SEGURANÇA?
Os operadores precisarão de licenças governamentais e autorização de segurança do Conselho Regulador de Energia Atômica. Empresas controladas por estrangeiros não podem obter licenças. Os operadores devem reservar fundos de responsabilidade civil entre US$ 10,99 milhões e US$ 330 milhões, dependendo do tamanho do reator.
O QUE ACONTECE EM CASO DE ACIDENTE?
A compensação virá dos fundos de responsabilidade civil dos seguros das operadoras, com um limite máximo de 300 milhões de Direitos Especiais de Saque (DES) – uma unidade de reserva do Fundo Monetário Internacional – em conformidade com as normas globais.
Um fundo de responsabilidade nuclear (link) cobrirá os custos de sinistros excedentes e o governo intervirá se os danos ultrapassarem esses limites.
(US$ 1 = 90,9620 rúpias indianas)