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Lula diz que é preciso "avançar mais" após remoção de tarifas de Trump a alguns produtos brasileiros

Reuters21 de nov de 2025 às 10:54

- O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou na quinta-feira que a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de remover a tarifa de 40% de importação imposta sobre alguns produtos brasileiros "foi um passo na direção certa, mas precisamos avançar ainda mais".

"Seguiremos nesse diálogo com o presidente Trump tendo como norte nossa soberania e o interesse dos trabalhadores, da agricultura e da indústria brasileira", disse ele em post no X, depois de participar do Salão do Automóvel em São Paulo.

Em vídeo que acompanha o texto na rede social, Lula afirmou ainda que irá agradecer Trump "só parcialmente, porque eu vou agradecer totalmente quando tudo estiver acordado entre nós", sem dar detalhes.

"Eu acho ... que o Trump deu um bom sinal, então nós precisamos estar preparados porque ele está convidado para vir ao Brasil quando ele quiser e eu espero ser convidado para ir a Washington para a gente poder zerar qualquer celeuma comercial, política, entre Brasil e Estados Unidos", disse Lula no vídeo ao lado do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Trump assinou um decreto na quinta-feira para suspender os impostos de importação sobre produtos agrícolas afetados pelo anúncio da tarifa de 40% em julho, informou a Casa Branca.

O decreto vai afetar as importações norte-americanas de produtos brasileiros a partir de 13 de novembro e poderá exigir o reembolso das tarifas cobradas sobre esses produtos, de acordo com texto divulgado pela Casa Branca.

"O que interessa não é esse tipo de sanção, de mal-entendido, o que interessa é adensar as cadeias produtivas, é aproveitar os nossos minerais para produzir bateria aqui, produzir carro elétrico aqui, produzir energia limpa aqui. É as nossas cadeias produtivas estarem integradas, o nosso comércio estar integrado, a gente poder exportar mais, importar mais", disse Haddad no vídeo ao lado de Lula.

Em nota, o Ministério das Relações Exteriores disse ter recebido a suspensão tarifária com "satisfação", e afirmou que a revogação da tarifa adicional de 40% atinge vários tipos de carne, café e diversas frutas como manga, coco, açaí e abacaxi.

"O governo brasileiro reitera sua disposição para continuar o diálogo como meio de solucionar questões entre os dois países, em linha com a tradição de 201 anos de excelentes relações diplomáticas", diz o Itamaraty, na nota.

O ministério chama a atenção para o fato de que o enunciado do decreto desta quinta faz menção à conversa telefônica entre os presidentes dos dois países, em outubro, e afirma que Trump recebeu recomendações de altos funcionários sobre o "avanço inicial das negociações".

O Itamaraty pontua ainda que a medida é retroativa a 13 de novembro, "data que coincide com o dia da última reunião entre o ministro Mauro Vieira e o secretário de Estado Marco Rubio em Washington".

A decisão também foi comemorada por entidades ligadas aos setores beneficiados pela medida.

A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) celebrou a remoção das tarifas sobre a carne bovina brasileira.

"A medida demonstra a efetividade do diálogo técnico e das negociações conduzidas pelo governo brasileiro, que contribuíram para um desfecho construtivo e positivo", disse a associação em nota.

Também em nota, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, avaliou que a decisão do governo norte-americano de remover a tarifa de 40% a mais de 200 produtos agrícolas brasileiros configura "avanço concreto na renovação da agenda bilateral e condiz com papel do Brasil como grande parceiro comercial dos Estados Unidos".

A Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) também comemorou a revogação da tarifa, o que garante taxa zero para a exportação do produto.

"Essa conquista é resultado do forte trabalho diplomático liderado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin e pelo chanceler Mauro Vieira, além da mobilização de toda a cadeia produtiva do café, que foi extremamente unida, e das nossas contrapartes nos Estados Unidos", afirmou Pavel Cardoso, presidente da Abic, em nota.

"Com esta nova ordem fica evidenciado que o café brasileiro é um produto essencial e estratégico para a economia americana, abrindo, inclusive, espaço para ampliação da presença dos cafés industrializados brasileiros no varejo norte-americano, com ganhos diretos para toda a cadeia produtiva, da indústria ao produtor."

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