
Por Ella Cao e Naveen Thukral
PEQUIM/CINGAPURA, 30 Out (Reuters) - A China se comprometeu a expandir o comércio agrícola com os Estados Unidos e o presidente Donald Trump disse que Pequim compraria volumes "enormes" de soja, mas nenhum deles deu detalhes específicos, decepcionando os investidores que esperavam um retorno das compras antes robustas.
Trump disse a repórteres a bordo do Air Force One nesta quinta-feira, após uma reunião com o presidente Xi Jinping, que a China começaria a comprar "enormes quantidades de soja e outros produtos agrícolas imediatamente".
O Ministério do Comércio da China disse que expandiria o comércio agrícola com os Estados Unidos, mas não especificou a escala ou o momento das compras.
O contrato de soja mais ativo na Bolsa de Comércio de Chicago (CBOT) Sv1 caiu cerca de 2% e estava sendo negociado em baixa de 1,28%, a US$10,85 o bushel, recuando de uma máxima de 15 meses atingida em sessões anteriores, na esperança de um acordo comercial. GRA/
"Os detalhes da implementação são muito importantes -- por exemplo, a China reduzirá as tarifas sobre os produtos agrícolas dos EUA ou apenas criará um processo burocrático para isentá-los caso a caso?", disse Even Rogers Pay, diretor da Trivium China, com sede em Pequim.
"Isso faz uma grande diferença entre haver um aumento temporário nas compras ou um retorno estrutural e sustentável ao mercado."
O maior comprador de soja do mundo e o principal mercado para os agricultores dos EUA transformou seu grande apetite pelas safras norte-americanas em uma poderosa moeda de troca na guerra comercial.
Enfrentando tarifas de importação de 23% sobre a soja após as rodadas de tarifas "olho por olho", os compradores chineses evitaram em grande parte a colheita de outono dos EUA, voltando-se para os suprimentos da América do Sul.
"É decepcionante para o mercado chinês de soja que nenhum detalhe tenha sido anunciado", disse um trader de oleaginosas de uma trading internacional.
"O mercado esperava que a China reduzisse as tarifas sobre as importações de soja dos EUA."
A queda na demanda custou aos agricultores dos EUA, um pilar fundamental da base política de Trump, bilhões de dólares em vendas perdidas.
Em um sinal de descongelamento das relações, a China comprou suas primeiras cargas de soja dos EUA da safra de 2025 em negócios recentes, informou a Reuters na quarta-feira.
Desde a guerra comercial do primeiro governo Trump, a China diversificou suas fontes de importação de soja. Em 2024, a China comprou dos Estados Unidos cerca de 20% de sua necessidade de soja, ante 41% em 2016, segundo dados da alfândega.
(Por Ella Cao em Pequim e Naveen Thukral em Cingapura)
((Tradução Redação São Paulo))
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