
Por Jessica DiNapoli e Siddharth Cavale e Arriana McLymore
NOVA YORK, 27 Out (Reuters) - Pequenos importadores que atendem grandes varejistas norte-americanos anteciparam a compra de mercadorias chinesas voltadas a cobrir a demanda da primavera (no hemisfério norte), acumulando estoques em seus próprios depósitos, para evitar as enormes tarifas que poderiam ser cobradas pelos EUA a partir do próximo mês.
Antes que as negociações sino-americanas à margem da Cúpula da Asean em Kuala Lumpur eliminassem a ameaça das tarifas de 100% impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, sobre as importações chinesas a partir de 1º de novembro, os importadores esperavam arcar com as taxas sem precedentes.
Em resposta, importadores de produtos vendidos nos varejistas Walmart WMT.N, Amazon AMZN.O e Target TGT.N optaram por arriscar carregar seus balanços patrimoniais com estoques que podem levar meses para serem desovados e pagar mais pelos custos de armazenagem. Eles também estão apostando que os gastos dos consumidores se manterão na primavera.
"Estamos tentando antecipar os pedidos de primavera", disse Leslie Stiba, presidente-executiva da fabricante de carrinhos de bebê de alto padrão Austlen Baby Co. "Trouxemos o máximo que pudemos"
Stiba disse que encomendou de 20% a 25% mais carrinhos de bebê para a primavera de 2026 -- sua principal temporada de vendas -- em comparação com a última. No geral, ela está mantendo 50% a mais de estoque do que antes do início da guerra comercial de Trump e adiou contratações devido às novas despesas.
A antecipação das importações se tornou a norma há meses em meio aos impostos vacilantes de Trump. Os importadores aumentaram as compras da China durante a trégua tarifária de seis meses entre os dois países, provocando um aumento nas taxas de remessa e na atividade portuária.
Segundo levantamento da Reuters, nos dias que antecederam a definição da estrutura de uma trégua tarifária no domingo, o fenômeno continuou para as importações para a primavera de 2026.
Como muitos importadores de produtos fabricados na China, Stiba teve que interromper as compras no início deste ano, quando Trump impôs pela primeira vez tarifas de cerca de 145%. A interrupção prejudicou seus negócios porque ela não tinha estoque suficiente para atender aos pedidos.
O Secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, disse no domingo prever que a trégua tarifária com a China será estendida para além da data de expiração de 10 de novembro.
Deng Jinling, gerente de uma empresa chinesa que exporta garrafas térmicas para os Estados Unidos, disse à Reuters antes do desenvolvimento de domingo que suas remessas ainda estavam saindo normalmente e que ela não estava preocupada com novas taxas.
"Não há pressa", disse ela. "A maioria das mercadorias já foi enviada. Restam apenas cerca de 20% da carga com destino aos EUA."
Nem todos os importadores dos EUA aumentaram os embarques.
A Spreetail, que distribui itens grandes como trampolins, estava esperando para ver se as tarifas seriam mantidas, disse o diretor de merchandising Owen Carr.
Mercadorias de primavera -- de roupas de clima mais quente a cestas de Páscoa -- geralmente chegam aos Estados Unidos no final do ano, com volumes que atingem o pico logo antes da celebração do Ano Novo Lunar da China no inverno.
"Até que haja um caminho claro ou uma solução (para a guerra comercial), podemos esperar ver mais carregamento antecipado", disse Noel Hacegaba, diretor de operações do Porto de Long Beach, o segundo mais movimentado dos EUA.
Este ano, volumes recordes, incluindo produtos de primavera, estão muito adiantados, disse ele.