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ANÁLISE-China acelera construção de locais para reserva de petróleo em meio a esforço de estocagem

Reuters7 de out de 2025 às 15:31

- A China está construindo locais para o acúmulo de reservas de petróleo em ritmo acelerado, como parte de uma campanha para aumentar os estoques de petróleo que se tornou mais urgente depois que a invasão da Rússia na Ucrânia afetou os fluxos globais de energia e se acelerou este ano, de acordo com dados públicos, comerciantes e especialistas do setor.

As petroleiras estatais, incluindo a Sinopec e a CNOOC, acrescentarão pelo menos 169 milhões de barris de armazenamento em 11 locais durante 2025 e 2026, de acordo com fontes públicas, incluindo notícias nacionais, relatórios do governo e sites de empresas.

Desse total, 37 milhões de barris de capacidade já foram construídos, segundo as fontes. Uma vez concluídos, os novos locais poderão armazenar duas semanas das importações líquidas de petróleo da China, de acordo com cálculos da Reuters baseados em dados comerciais chineses, um volume significativo, já que a China é, de longe, o maior importador de petróleo do mundo.

A formação de reservas de Pequim -- a S&P Global Commodity Insight estimou no mês passado que a China havia estocado uma média de 530.000 barris por dia até o momento em 2025 -- está absorvendo o excedente de oferta global e sustentando os preços sob pressão, uma vez que o grupo de produtores Opep+ reduz os cortes de produção. Operadores e consultorias dizem esperar que o acúmulo de estoques, alimentado pelos preços recentemente abaixo de US$70 por barril, continue pelo menos até o primeiro trimestre de 2026.

A forte dependência da China em relação ao petróleo estrangeiro, transportado principalmente por navios-tanque, é uma vulnerabilidade estratégica que Pequim está buscando mitigar por meio do armazenamento, da diversificação das fontes de importação e da manutenção da produção doméstica. A China também está desenvolvendo rapidamente a energia renovável e eletrificando sua frota de veículos, com a demanda de gasolina e diesel diminuindo e o consumo geral de petróleo provavelmente atingindo o pico em 2027.

A construção de seus locais de reserva está se acelerando. Os novos acréscimos planejados para este ano e para o próximo, com base em pesquisa da Reuters, quase coincidem com a estimativa de 180 milhões a 190 milhões de barris de capacidade que as empresas de análise Vortexa e Kpler, respectivamente, adicionaram nos cinco anos anteriores.

O sigilo da China sobre suas reservas significa que a lista pode não ser abrangente e o status dos projetos pode mudar.

Pequim construiu seu primeiro local de reserva estratégica em 2006, mas seu recente impulso decorre das consequências da invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022, que desencadeou uma onda de sanções perturbadoras contra Moscou e destacou a vulnerabilidade das importações de petróleo de Pequim, disseram operadores e analistas.

Desde o final de 2023, Pequim tem emitido discretamente mandatos para que as empresas estatais armazenem petróleo, segundo operadores e analistas. Em julho, a Energy Aspects, sediada em Londres, citou um mandato que exigia a compra de 140 milhões de barris para reservas estratégicas, com entregas até março de 2026.

"A estratégia de estocagem da China sempre foi ter segurança energética suficiente para a nação, que é altamente dependente das importações de petróleo", disse June Goh, analista da Sparta Commodities, com sede em Cingapura.

"A agenda tornou-se mais urgente este ano com o aumento dos riscos geopolíticos em torno da Rússia e do Irã", disse ela, citando possíveis interrupções relacionadas a conflitos.

A China é o principal cliente de petróleo de ambos os países.

LINHAS BORRADAS

Os estoques governamentais da China compreendem locais dedicados da Reserva Estratégica de Petróleo (SPR) construídos antes de 2019 e armazenamento mais recente conhecido como "reservas comerciais".

Ambas servem como reservas de emergência, dizem os especialistas, sendo que a última é operada com mais flexibilidade sob a supervisão do departamento nacional de reservas, o que permite que as refinarias estatais girem os estoques para atender às necessidades comerciais.

Uma lei aprovada em janeiro codificou a integração ao incluir os estoques governamentais e comerciais em uma única definição de reservas nacionais, dizendo que as empresas devem manter reservas de "responsabilidade social" supervisionadas pelo governo.

Todas as reservas são gerenciadas por divisões dedicadas dentro das empresas petrolíferas estatais que são supervisionadas pela Administração Nacional de Alimentos e Reservas Estratégicas, que detém o título dos estoques, de acordo com duas fontes do setor que não quiseram se identificar devido à sensibilidade do assunto.

Na província de Shaanxi, no interior do país, dois locais em construção com capacidade combinada de 11 milhões de barris foram descritos online pelo governo provincial como parte das reservas estatais, de acordo com relatos da mídia estatal local.

Outro local, uma instalação da Sinopec de 20 milhões de barris em construção na ilha de Hainan, foi descrito em fevereiro por um meio de comunicação estatal local como armazenamento comercial e uma contribuição para a capacidade de reserva nacional.

A National Food and Strategic Reserves Administration, a Sinopec e a CNOOC não responderam imediatamente aos pedidos de comentários.

MAIS POR VIR

A última atualização pública de Pequim sobre sua capacidade de estocagem data de 2017, quando o National Bureau of Statistics disse que a China havia construído nove bases de armazenamento com capacidade total de 238 milhões de barris.

Em agosto, a Federação Semioficial da Indústria Petroquímica e de Petróleo da China foi citada na mídia estatal como tendo dito que a capacidade de armazenamento da reserva estatal deveria crescer para mais de 1 bilhão de barris, equivalente a três meses de importações líquidas, sem fornecer um cronograma.

Isso estaria de acordo com a exigência da Agência Internacional de Energia de que os membros mantenham estoques de pelo menos 90 dias de importações líquidas, embora a China não seja um membro.

Duas fontes comerciais disseram que Pequim pretende aumentar seu estoque para cobrir seis meses de importações, ou cerca de 2 bilhões de barris.

Em comparação, os EUA mantinham 404 milhões de barris de petróleo em sua reserva estratégica de petróleo no final de agosto, embora o país seja o maior produtor de petróleo do mundo e, desde 2019, seja um exportador líquido.

A consultoria Kpler estimou o total de reservas nacionais onshore e estoques comerciais da China, incluindo participações de empresas estatais e privadas, em 799 milhões de barris no início de setembro, 109 milhões de barris acima dos níveis do início de 2023.

A Vortexa estimou os estoques controlados pelas empresas estatais, incluindo os estoques das refinarias, em 735 milhões de barris - um aumento de 73 milhões de barris no mesmo período.

Não está incluído nessas estimativas privadas o petróleo armazenado em quatro locais subterrâneos de SPR que, segundo a Reuters em 2021, têm capacidade para armazenar 110 milhões de barris.

(Reportagem da equipe da Reuters)

((Tradução Redação Rio de Janeiro)) REUTERS MN

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