Por Sudarshan Varadhan
CINGAPURA, 23 Set (Reuters) - A Tailândia deve registrar um declínio recorde na produção de eletricidade neste ano, já que o clima ameno e a desaceleração da economia estão reduzindo a demanda, mostram dados do governo, colocando o maior importador de GNL do Sudeste Asiático no caminho para seu maior declínio nas compras do combustível.
A energia gerada e importada para abastecer o país de mais de 70 milhões de pessoas caiu 5,4% ao ano nos sete meses até julho, mostraram dados oficiais, quase duas vezes mais acentuada que a queda de 2,8% de janeiro a julho de 2020 devido aos bloqueios relacionados ao coronavírus.
Um declínio anual na produção seria apenas o quarto nas quase quatro décadas para as quais existem dados oficiais disponíveis, uma vez que menos dias de calor extremo devido às chuvas frequentes (link) reduziu o uso do ar condicionado.
Raksit Pattanapitoon, analista da Rystad Energy, disse que o clima é "de longe o fator mais significativo" na demanda de energia na Tailândia este ano, juntamente com todos os outros fatores, incluindo a política. (link) e crescimento econômico (link) ficando "significativamente" atrasado.
QUEDA NA DEMANDA RESIDENCIAL E INDUSTRIAL
A demanda residencial por energia — que representa 31% do consumo anual — caiu mais de 7% nos sete meses até julho, o maior declínio já registrado e superando em muito o declínio de 2,8% na demanda industrial e comercial, que representam mais de dois terços do uso anual de eletricidade da Tailândia, mostraram dados do governo.
A demanda por eletricidade cresceu devido ao maior uso de ar condicionado nos últimos anos.
O Banco Mundial espera que o crescimento econômico da Tailândia desacelere para 1,8% este ano e 1,7% no próximo ano devido às exportações mais fracas, à desaceleração do turismo e às incertezas políticas que podem atrasar os investimentos públicos.
"Este ano será o primeiro desde 2020 em que a Tailândia não registrará um novo pico de demanda após um crescimento médio de 6,2% entre 2021 e 2024", disse Pattanapitoon.
MENOR POTÊNCIA A GÁS
A eletricidade gerada a partir do gás natural, que responde por 56% da produção de energia da Tailândia, caiu 12% até julho, colocando-a no caminho para seu maior declínio de todos os tempos e a primeira queda nas importações anuais de GNL desde 2014, mostraram dados do governo.
Os embarques de GNL, dos quais cerca de dois terços abastecem concessionárias de serviços públicos, caíram 15,3% ao ano, para 7,2 milhões de toneladas métricas nos oito meses até agosto, segundo dados da empresa de análise Kpler.
Dados oficiais mostraram que a Tailândia aumentou a produção de usinas termelétricas a carvão, enquanto a geração de energia hidrelétrica e as importações do vizinho Laos aumentaram devido às chuvas abundantes.
O uso de carvão também aumentou, já que as sanções ocidentais restringiram as exportações de gás canalizado do vizinho Mianmar, disse Ying-Chin Chou, analista de GNL da consultoria Energy Aspects.
Um declínio no fornecimento de gás por gasoduto, impulsionado pela queda das importações de Mianmar e pela redução da produção nacional no próximo ano, espera-se que ajude a impulsionar uma recuperação no GNL demanda, ela disse.
“Esperamos que a demanda por GNL na Tailândia aumente em 2026, apoiada pelo aumento dos volumes sob contratos de prazo com Omã (link) e os EUA (link) "Esses contratos aumentarão a aderência das importações de GNL", disse Chou.
A DEMANDA POR ENERGIA ELÉTRICA VAI AUMENTAR
A demanda por energia não relacionada ao clima deve crescer no ano que vem, disseram analistas.
"Dado o ritmo da eletrificação do transporte e os próximos projetos de data center, esperamos que o uso de eletricidade continue aumentando, independentemente do crescimento econômico", disse Pattanapitoon, da Rystad.