ATENAS, 11 Set (Reuters) - Os EUA querem expandir seus laços com a Grécia no setor de energia, disse o secretário do Interior norte-americano, Doug Burgum, durante uma visita a Atenas nesta quinta-feira, enquanto o governo Trump trabalha para reduzir ainda mais o fornecimento de petróleo e gás da Rússia para a Europa.
Burgum esteve na Europa esta semana com o objetivo de fechar acordos de fornecimento de energia, o que os EUA esperam que fortaleça sua influência na região e enfraqueça a da Rússia.
Na quarta-feira, a Grécia anunciou que um consórcio que inclui a petrolífera Chevron CVX.N tentou explorar gás natural em suas águas.
"O governo Trump tem alguns objetivos em relação à energia e um deles é a abundância de energia, para fornecer energia aos nossos amigos e aliados, para que eles não precisem comprar de nossos adversários", disse Burgum ao primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, durante uma reunião.
"Os Estados Unidos estão totalmente comprometidos em substituir o gás russo por gás americano", disse.
A proibição do petróleo bruto da Rússia transportado por via marítima reduziu as importações de petróleo russo da União Europeia em 90%, mas a Hungria e a Eslováquia ainda importam por gasoduto. A Europa deverá comprar cerca de 13% do seu gás da Rússia este ano, embora esse número seja inferior aos 45% registrados antes da invasão russa da Ucrânia em 2022, segundo dados da UE.
Os EUA pressionaram a UE a acelerar a eliminação gradual dos combustíveis fósseis russos para reduzir os fundos para o cofre de guerra de Moscou. Parte desse esforço é oferecer mais de suas abundantes reservas de gás de xisto e petróleo em acordos de exportação.
Burgum visitou nesta quinta-feira o terminal de gás natural liquefeito (GNL) na ilhota de Revithoussa, perto de Atenas, que recebe regularmente cargas à vista e a prazo provenientes de exportadores dos EUA.
As importações de GNL dos EUA pela Grécia aumentaram 95% no primeiro semestre deste ano.
Um controverso acordo marítimo assinado em 2019 prejudicou as relações da Grécia com a Líbia e a Turquia. No entanto, alguns dos blocos nos quais a Chevron tem interesse estão localizados na costa de Creta, sobrepondo-se a uma das áreas disputadas.
A Grécia interpretou isso como apoio tácito dos EUA às suas fronteiras marítimas.
"É uma coincidência muito interessante que você venha um dia depois de a Chevron ter oficialmente demonstrado interesse em iniciar trabalhos exploratórios em áreas ao sul de Creta, confirmando os direitos soberanos da República Helênica naquela área", disse Mitsotakis a Burgum.
(Reportagem de Angeliki Koutantou e Edward McAllister; texto de Renee Maltezou)
((Tradução Redação São Paulo))
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