SÃO PAULO, 5 Set (Reuters) - A Rússia permanece como principal fornecedora de diesel para o Brasil, mas perdeu participação nas importações brasileiras em agosto, espaço que foi ocupado pela Índia, conforme análise da StoneX divulgada nesta sexta-feira.
De acordo com a consultoria, a Rússia vendeu 664 milhões de litros de diesel ao Brasil em agosto, mas sua participação de mercado recuou de 58% em julho para 50%. Já a fatia da Índia subiu a 18%, ante 10% no mês anterior, apontou.
Os EUA, que sancionaram a Índia com tarifas mais altas de 50% por compra de petróleo russo, seguiram como segundo principal vendedor de diesel ao mercado brasileiro em agosto, com 31% do volume total.
A StoneX afirmou que o mercado já esperava essa redução da participação russa em agosto, devido a fatores como a diminuição do diferencial com outras referências, o menor excedente exportável gerado por aumento sazonal da demanda pelo setor agrícola doméstico russo, e o avanço dos custos de fretes em meio à ampliação das sanções da União Europeia.
Ao todo, o Brasil importou 1,3 bilhão de litros de diesel A em agosto, queda de 25% frente ao mês anterior, mas um avanço de 2,1% em relação ao mesmo período do ano passado, disse a consultoria, citando dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
A redução das compras externas frente a julho já era esperada devido à entrada em vigor em agosto da nova mistura "B15", de 15% do biodiesel no diesel, o que acarreta menor necessidade de internalização do combustível.
A queda mensal também refletiu, em parte, uma base de comparação elevada em julho, quando o Brasil registrou o maior volume importado de diesel desde dezembro de 2023, com as vendas de diesel B no mercado doméstico atingindo recorde histórico no mesmo período, em meio ao avanço da colheita do milho safrinha e início dos preparativos para o plantio da soja.
"Os resultados de agosto se mostram positivos, dado que, mesmo com a entrada de uma mistura maior de biodiesel no diesel B, as internalizações de diesel A seguiram aquecidas, com a chegada de um volume maior de insumos agrícolas", afirmou Bruno Cordeiro, analista de Inteligência de Mercado da StoneX, em nota.
Já no caso da gasolina, as compras externas pelo Brasil somaram 157 milhões de litros em agosto, uma queda de 45,6% frente ao ano passado.
O desempenho reflete um mercado bem abastecido, depois de importações fortes nos últimos meses, além de um aumento da oferta de gasolina pelas refinarias domésticas e a elevação da mistura de etanol na gasolina de 27% para 30%, segundo a analista Isabela Garcia.
No acumulado do ano, as importações de gasolina pelo Brasil somam 1,65 bilhão de litros, uma queda de 16,8% frente ao mesmo período em 2024 e quase 47,1% abaixo no comparativo de 2023 -- ano em que se registrou recorde de demanda por gasolina C.