Por Rodrigo Viga Gaier e Ana Mano
RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO, 15 Jul (Reuters) - Frigoríficos brasileiros estão avaliando se farão novos embarques de carne bovina para os Estados Unidos depois que o presidente Donald Trump anunciou uma tarifa de 50% sobre o Brasil na semana passada, disse Roberto Perosa, presidente da Associação Brasileira de Carne Bovina (Abiec), à Reuters nesta terça-feira.
Os Estados Unidos são o segundo maior mercado para a carne bovina do Brasil, depois da China, que é a maior importadora da commodity do país sul-americano, segundo dados comerciais.
"Novos embarques estão sob análise do setor privado por conta da alta da tarifa", disse Perosa nesta terça-feira.
O anúncio das tarifas afetou o setor bovino do Brasil na semana passada e na segunda-feira, com as empresas reduzindo drasticamente as compras de animais devido à incerteza relacionada ao anúncio das tarifas, disse Alcides Torres, consultor de mercado de carne bovina da Scot Consultoria.
"O mercado esfriou", disse Torres.
O Brasil responde por aproximadamente 23% das importações de carne bovina dos EUA, segundo cálculos da Genial Investimentos.
Desde o anúncio de Trump, os frigoríficos têm se esforçado para reprogramar e redirecionar embarques e a produção, disse Perosa na semana passada, observando que algumas empresas já haviam decidido interromper temporariamente a produção destinada aos Estados Unidos.
A Minerva BEEF3.SA obtém cerca de 5% de sua receita líquida com as vendas de carne bovina para os EUA, informou a empresa após o presidente Donald Trump anunciar a imposição da nova tarifa a partir de 1º de agosto.
Após a divulgação dos resultados do primeiro trimestre da Minerva em maio, a Genial afirmou que a empresa havia "abatido um volume considerável de gado e transferido a carne antecipadamente para instalações nos EUA para mitigar riscos de tarifas adicionais".
A empresa disse que não iria comentar.
A recente escassez de gado nos EUA aumentou a demanda do país pelo produto brasileiro, mostram dados comerciais. Segundo analistas, a nova tarifa pode tornar a carne bovina mais cara para o consumidor norte-americano.
(Por Rodrigo Viga Gaier e Ana Mano)
((Tradução Redação São Paulo))
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