Por Gus Trompiz e Ardee Napolitano
PARIS, 13 de julho (Reuters) - Os produtores franceses de queijo e vinho alertaram sobre o impacto prejudicial que as tarifas de 30% ameaçadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre as importações da União Europeia teriam sobre o setor agrícola do país.
Uma tarifa de 30% seria "desastrosa" para o setor de alimentos da França, disse Jean-François Loiseau, presidente do grupo de alimentos ANIA, enquanto François Xavier Huard, presidente-executivo da associação de laticínios FNIL, disse: "É um verdadeiro choque para os produtores de leite e queijo - esse é um mercado importante para nós".
"É um novo ambiente com o qual teremos que nos acostumar - não acho que isso seja temporário", disse Huard à Reuters neste domingo, referindo-se às mudanças nas regras e ao aumento das tensões comerciais.
Ele observou que o setor pode ter que repensar sua estratégia em relação aos mercados em que opera.
O setor de laticínios da França exporta quase metade de sua produção, inclusive para os Estados Unidos, que importa principalmente queijos como o Brie, mas também produtos frescos como iogurte e manteiga.
Ele corre o risco de perder vendas anuais no valor de dezenas de milhões de euros, disse Huard, observando que o setor vende 350 milhões de euros (US$409 milhões) em produtos lácteos para os EUA anualmente.
Os exportadores franceses de alimentos estão preocupados com o fato de que os impostos adicionais de importação possam elevar os preços de seus produtos para além do alcance dos compradores dos Estados Unidos, que estão com a inflação nas mãos.
"Produtos como o vinho, especialmente, são consumidos por prazer - se você tem menos dinheiro para gastar, pode deixar de comprar", disse Yannick Fialip, diretor da associação CNPA, que promove as exportações francesas de alimentos.
"Seremos menos competitivos", acrescentou Fialip, observando que um dólar mais fraco já havia aumentado a pressão sobre as exportações para os EUA.
A União Europeia disse neste domingo que prefere uma solução negociada sobre o comércio com os Estados Unidos, com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, dizendo que o bloco estenderia sua suspensão de contramedidas às tarifas dos EUA até o início de agosto.
(Reportagem de Gus Trompiz e Ardee Napolitano)
((Tradução Redação Rio de Janeiro)) REUTERS MN