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Defensores da energia limpa veem lei orçamentária dos EUA como retrocesso

Reuters3 de jul de 2025 às 23:49

Por Timothy Gardner e Valerie Volcovici

- Os defensores da energia limpa criticaram nesta quinta-feira a aprovação final pela Câmara do projeto de lei de redução de impostos do presidente dos EUA, Donald Trump, citando uma reversão do curso da transição energética, enquanto os apoiadores dos combustíveis fósseis comemoraram.

Os colegas republicanos de Trump na Câmara aprovaram o projeto de lei por 218 a 214, e o texto agora segue para a mesa do presidente. A previsão é de que Trump sancione a lei na sexta-feira.

A nova legislação corta drasticamente o acesso a um crédito fiscal de 30% para projetos de energia solar e eólica, que deveriam durar até 2032.

A empresa de pesquisa Energy Innovation projetou que o projeto de lei resultará em uma queda de 300 gigawatts na capacidade de eletricidade dos EUA, à medida que a demanda aumenta pela primeira vez em duas décadas, impulsionada pelo crescimento dos data centers e da inteligência artificial.

Enquanto isso, a demanda por energia dos data centers é estimada em mais de 100 GW, de acordo com o grupo sem fins lucrativos American Clean Power (ACP).

A aprovação do projeto de lei "é uma mudança drástica na política federal, interrompendo os investimentos de boa-fé de empresas americanas que impulsionam nossa economia e criam centenas de milhares de empregos", disse Jason Grumet, presidente da ACP.

O banco de investimento global Jefferies afirmou em nota a clientes que a eliminação gradual dos subsídios para energia eólica e solar levará a uma "corrida a médio prazo" para reivindicar créditos, o que poderia acelerar a implementação de projetos por alguns anos. Após esse período, os investidores precisarão reavaliar tais projetos sem os subsídios.

A instituição afirmou ainda que as energias nuclear e geotérmica -- fontes que o governo Trump defende para a geração confiável de eletricidade -- receberam melhor acesso a créditos na legislação. Os projetos de armazenamento em bateria também manterão o crédito tributário integral até 2033, com eliminação gradual até 2036.

O "caminho mais longo" para que esses recursos de carga base usem os créditos fiscais recebeu elogios da Data Center Coalition, cujos membros incluem Amazon AMZN.O e Microsoft MSFT.O. Recursos de carga base são fontes de geração de energia elétrica que fornecem uma quantidade constante e confiável de eletricidade para atender à demanda mínima permanente de um sistema elétrico.

Mike Sommers, presidente e CEO do American Petroleum Institute, a principal organização de lobby do setor de petróleo e gás, disse que o Congresso avançou na "agenda de domínio energético" de Trump, de maximizar a produção de petróleo e gás.

A produção do setor já havia atingido um recorde durante o governo do ex-presidente Joe Biden.

"Aplaudimos o Congresso por liberar os recursos de petróleo e gás natural do nosso país e aguardamos ansiosamente que o presidente Trump sancione esse projeto de lei", disse Sommers em um comunicado.

CARVÃO TEM PAUSA

Alguns créditos fiscais da indústria petrolífera, como aqueles para hidrogênio e captura de carbono, foram preservados no projeto de lei.

O texto também determina a venda de direitos de perfuração de petróleo e gás em terras federais e nas águas do Alasca e do Golfo do México, que Trump renomeou como Golfo da América.

A lei permite ainda que o carvão usado na produção de aço tenha uma nova redução de 2,5% nos impostos de produção, o que pode representar centenas de milhões de dólares para o setor. O texto aprovado também reduziu as taxas de royalties que as empresas de carvão precisam pagar ao minerar em terras públicas.

Rich Nolan, presidente e CEO do grupo de lobby da National Mining Association, disse que o projeto de lei apoia "a indústria de mineração atual, que está pronta para criar empregos e receitas adicionais para nossa economia".

Daniel Francis, diretor da Generate Capital, disse que o foco das indústrias eólica e solar mudará para estados e comunidades.

"Em última análise, o impacto do projeto de lei será transferir as decisões da cadeia federal, do Congresso para os estados, condados e cidades", disse ele. "Porque as economias dependem de energia, porque os eleitores se preocupam com suas contas de energia, e não há alternativa."

(Reportagem de Timothy Gardner e Valerie Volcovici em Washington; reportagem adicional de Lisa Baertlein em Los Angeles)

((Tradução Redação São Paulo))

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