Por Tom Balmforth e Yuliia Dysa e Trevor Hunnicutt
KIEV/WASHINGTON, 30 Abr (Reuters) - A Ucrânia e os Estados Unidos disseram nesta quarta-feira que estão prontos para assinar um acordo sobre minerais em breve, após meses de negociações, mas um obstáculo de última hora levantou incerteza sobre o cronograma.
"Nosso lado está pronto para assinar. Os ucranianos decidiram ontem à noite fazer algumas mudanças de última hora", disse o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, a jornalistas na Casa Branca.
"Temos certeza de que eles vão reconsiderar isso e estamos prontos, se eles estiverem."
Uma autoridade ucraniana estava a caminho de Washington para a assinatura. Mas segundo uma fonte, os EUA pressionam a Ucrânia a assinar dois documentos adicionais, o que é considerado prematuro por Kiev.
Bessent negou que os EUA tenham feito qualquer tentativa de alterar o acordo firmado pelos dois lados no fim de semana.
O acordo, que daria aos Estados Unidos acesso a depósitos de minerais da Ucrânia, é fundamental aos esforços de Kiev para consertar os laços com o presidente dos EUA, Donald Trump, e com a Casa Branca.
Duas fontes disseram à Reuters que a assinatura pode ocorrer ainda nesta quarta-feira. A primeira vice-primeira-ministra da Ucrânia, Yulia Svyrydenko, estava a caminho dos Estados Unidos para assinar o acordo.
Um rascunho do principal acordo de minerais visto pela Reuters mostrou que a Ucrânia havia garantido a remoção de qualquer exigência de pagamento aos EUA pela assistência militar prestada.
Washington tem sido o maior doador militar da Ucrânia desde a invasão russa de 2022, com ajuda de mais de 64 bilhões de euros (US$72 bilhões), de acordo com o Instituto Kiel, na Alemanha.
Trump repetiu nesta quarta-feira que os EUA deveriam receber algo por sua ajuda anterior a Kiev, daí o esforço para garantir um acordo envolvendo os abundantes depósitos de minerais de terras raras da Ucrânia.
"Presumo que eles vão honrar o acordo. ... Na verdade, ainda não vimos os frutos desse acordo. Suspeito que veremos", disse Trump após uma reunião de gabinete nesta quarta-feira.
Autoridades ucranianas esperam que a assinatura do acordo promovido por Trump firme o apoio norte-americano a Kiev na guerra de mais de três anos.
A minuta do acordo garante aos EUA acesso preferencial a novos negócios de recursos naturais ucranianos, mas não confere automaticamente a Washington uma parte da riqueza mineral da Ucrânia ou qualquer de suas infraestruturas de gás, segundo a minuta.
"De fato, é um acordo estratégico... é um acordo internacional verdadeiramente igualitário e bom sobre investimentos conjuntos no desenvolvimento e recuperação da Ucrânia", disse o primeiro-ministro Denys Shmyhal.
A minuta não especifica nenhuma garantia concreta de segurança dos EUA para a Ucrânia, um dos objetivos iniciais de Kiev. Separadamente, a Ucrânia discutiu com aliados europeus a formação de uma força internacional para ajudar a garantir a segurança do país caso seja firmado um acordo de paz com a Rússia.
A minuta do acordo dos minerais estabelece a criação de um fundo conjunto entre os EUA e a Ucrânia para a reconstrução, que receberá 50% dos lucros e royalties acumulados para o estado ucraniano a partir de novas licenças de recursos naturais na Ucrânia.
A minuta não define como as receitas do fundo conjunto serão gastas, quem se beneficia ou quem controla as decisões sobre os gastos.
Shmyhal disse em comentários televisionados que, uma vez que o acordo principal fosse assinado, os dois lados concordariam com dois outros documentos técnicos e suplementares que definem questões como a forma de acumulação dos fundos.
(Reportagem de Tom Balmforth e Yulia Dysa em Kiev, Doina Chiacu e Trevor Hunnicutt em Washington)
((Tradução Redação Brasília))
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