Por Joe Cash e David Latona
PEQUIM/MADRI, 11 Abr (Reuters) - O presidente chinês, Xi Jinping, disse ao primeiro-ministro da Espanha nesta sexta-feira que China e União Europeia precisam se unir para defender a globalização e se opor a "atos unilaterais de intimidação", em uma clara crítica às políticas tarifárias do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Xi, em seus primeiros comentários públicos sobre a questão desde que Trump lançou sua ofensiva tarifária na semana passada, disse que não pode haver "nenhum vencedor" em qualquer guerra comercial e afirmou que a UE tem um papel fundamental a desempenhar para garantir a estabilidade econômica global.
O primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, disse que a China e os Estados Unidos precisam manter conversações para acalmar a situação, e também pediu uma relação mais equilibrada entre Pequim e a UE, que tem suas próprias questões comerciais com a China.
"A China sempre considerou a UE como um polo importante em um mundo multipolar e é um dos principais países que apoiam firmemente a unidade e o crescimento da UE", disse Xi a Sánchez durante conversas em Pequim, de acordo com a agência de notícias Xinhua.
"A China e a UE devem cumprir suas responsabilidades internacionais, salvaguardar conjuntamente a tendência da globalização econômica e o ambiente do comércio internacional e se opor conjuntamente a atos unilaterais de intimidação", acrescentou Xi.
Em uma reviravolta surpreendente, Trump disse na quarta-feira que reduziria temporariamente as pesadas tarifas que acabara de impor a dezenas de países, incluindo a UE, mas aumentou ainda mais as tarifas sobre as importações chinesas para mais de 145%, intensificando um confronto de alto risco entre Washington e Pequim.
A China retaliou impondo tarifas de 125% sobre as importações dos EUA.
Em suas conversas com Sánchez, Xi falou sobre a capacidade da China e da UE, respectivamente a segunda e a terceira maiores economias do mundo, de combater as tarifas de Trump.
"Não há vencedores em uma guerra tarifária", declarou Xi, sem mencionar explicitamente Trump ou os Estados Unidos, o que levou o líder espanhol a dizer: "As guerras comerciais não são boas -- o mundo precisa que a China e os EUA conversem."
A viagem de Sánchez a Pequim visa estreitar os laços econômicos e políticos com a China em meio às consequências globais da política tarifária de Trump, buscando posicionar a Espanha como interlocutora entre a China e a UE e atrair mais investimentos chineses.
(Reportagem de Joe Cash em Pequim, e David Latona em Madri)
((Tradução Redação São Paulo))
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