Cacau dispara na ICE; açúcar cai antes da reversão das tarifas dos EUA

NOVA YORK, 9 Abr (Reuters) - Os preços do cacau subiram acentuadamente na ICE nesta quarta-feira, com os comerciantes citando uma recuperação técnica em meio a sinais de sobrevenda, depois que o mercado atingiu seus níveis mais baixos em cinco meses no início da sessão.

Os preços do café terminaram pouco alterados, depois de terem atingido anteriormente as mínimas de vários meses, enquanto o açúcar bruto atingiu a mínima de um mês.

O anúncio de que o governo dos Estados Unidos estava pausando a maior parte das tarifas de importação mais altas por 90 dias ocorreu no final das sessões de negociação, não tendo um forte impacto sobre os preços na quarta-feira.

O presidente dos EUA, Donald Trump, disse que reduziria temporariamente as novas tarifas sobre muitos países, ao mesmo tempo em que as elevaria ainda mais sobre as taxas sobre importações da China, em uma súbita reversão que fez com que as ações dos EUA subissem acentuadamente.

A medida oferece um alívio temporário para a guerra comercial em curso, que aumentou os temores de uma recessão global com impactos no comércio físico de commodities.

As tarifas sugeriram a perspectiva de preços ainda mais altos para produtos como café e cacau, que já haviam subido acentuadamente nos últimos meses devido a problemas de produção global.

"Em nossa opinião, o mercado em alta (do café) provavelmente acabou, a menos que surja um novo catalisador fundamental, como uma geada. É provável que as manchetes sem fôlego sobre tarifas continuem", disse o corretor e consultor Michael J. Nugent.

Ele disse que os consumidores já estavam prontos, antes das tarifas, para apertar o cinto, pois a alta vertiginosa que levou os preços do café a níveis recordes foi repassada.

O anúncio da nova pausa tarifária, entretanto, não incluiu uma tarifa de 10% sobre quase todas as importações dos EUA, que permanecerá em vigor.

Os contratos futuros do café robusta LRCc2 fecharam em alta de US$3, ou 0,1%, a US$ 4.797 a tonelada métrica, depois de atingir o valor mais baixo em mais de quatro meses, de US$ 4.608. O café arábica KCc2 caiu 0,3%, para US$3,417 por libra-peso, atingindo seu valor mais baixo em mais de dois meses.

Os futuros do café arábica subiram até 3% nas negociações pós-mercado, quando o mercado tomou conhecimento da última medida tarifária.

O cacau em Londres LCCc2 atingiu uma mínima de cinco meses, de 5.612 libras por tonelada, mas depois se recuperou acentuadamente, fechando em alta de 5,5%, para 6.096 libras por tonelada. O mercado ainda encontra algum apoio dos temores sobre as perspectivas ruins para a próxima safra intermediária na Costa do Marfim, o maior produtor.

O cacau em Nova York CCc1 atingiu seu nível mais baixo em cinco meses, a US$ 7.613 por tonelada, mas fechou em alta de 7,7%, para US$ 8.317 por tonelada.

O açúcar bruto SBc1 caiu 0,4 centavo, ou 2,2%, a 17,91 centavos de dólar por libra-peso, tendo atingido uma mínima de um mês de 17,87 centavos, enquanto o açúcar branco LSUc1 caiu 1,9%, a US$ 513,30 por tonelada.

(Reportagem de May Angel e Marcelo Teixeira)

((Tradução Redação São Paulo 55 11 56447751)) REUTERS RS