Café, cacau e açúcar despencam na ICE com turbulência tarifária de Trump

NOVA YORK, 7 Abr (Reuters) - Os preços mundiais do café, do cacau e do açúcar despencaram na segunda-feira, com os investidores na bolsa ICE continuando a se preocupar com os riscos de recessão, já que o presidente dos EUA, Donald Trump, mostra poucos sinais de recuo em relação às tarifas comerciais impostas no final da semana passada.

Os investidores temem que uma guerra comercial global possa levar a uma demanda mais fraca e, potencialmente, a uma recessão global.

Trump impôs taxas básicas de 10% sobre as exportações de quase todos os países para os EUA, e tarifas mais altas sobre muitos deles. Os países asiáticos foram os mais atingidos, com a China enfrentando agora tarifas totais de mais de 50% e o Vietnã, maior produtor de café robusta, sendo atingido por uma taxa de 46%.

Os futuros do café robusta LRCc2, negociados na bolsa ICE e vistos como referência global de preço para esse tipo de café, caíram US$328, ou 6,4%, a US$4.800 por tonelada, tendo atingido o valor mais baixo em mais de quatro meses, a US$ 4.751, enquanto o café arábica KCc1 caiu 5,7%, a US$ 3,448 por libra-peso, tendo anteriormente atingido o valor mais baixo em dois meses, a US$3,3860.

A Indonésia, terceiro maior exportador de robusta do mundo, enfrenta uma tarifa de 32% sobre as exportações para os EUA, enquanto o Brasil, maior exportador de arábica e segundo maior exportador de robusta do mundo, enfrenta tarifas de 10%.

"As tarifas podem afetar a demanda de café nos EUA, onde os preços do café vêm subindo desde o final de 2024, tendo atingido seu nível mais alto em fevereiro", disse a corretora Hedgepoint Global Markets em uma nota.

Os negociantes disseram que tanto o robusta quanto o arábica estavam, em grande parte, sob pressão dos temores de uma recessão global. O Vietnã e a Indonésia não enviam grandes volumes de café para os Estados Unidos.

Ainda assim, os EUA são o maior consumidor de chocolate e café do mundo e um dos maiores consumidores de açúcar do mundo, de modo que qualquer declínio em seus padrões de consumo afetará os preços mundiais.

Em outras commodities leves, o cacau em Londres LCCc2 caiu 356 libras, ou 5,6%, para 6.014 libras por tonelada, tendo atingido uma baixa de cinco meses de 5.971, enquanto o cacau em Nova York CCc1 caiu 5,4% para US$ 8.053 por tonelada, tendo fechado em queda de 8% na sexta-feira.

O açúcar bruto SBc1 caiu 0,8%, para 18,68 centavos de dólar por libra-peso, depois de ter atingido seu valor mais baixo em quase um mês, 18,62, enquanto o açúcar branco LSUc1 caiu 0,8%, para US$ 533,90 a tonelada.

(Reportagem de Marcelo Teixeira)

((Tradução Redação São Paulo 55 11 56447751)) REUTERS RS