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EUA recorrem ao Brasil para ovos e avaliam outras fontes durante surto de gripe aviária

Reuters24 de mar de 2025 às 11:08

Por Tom Polansek e Leah Douglas

- Os Estados Unidos quase dobraram as importações de ovos do Brasil, que antes eram usados apenas para ração animal, e estão considerando flexibilizar regulamentações para ovos postos por frangos criados para corte, à medida que o governo do presidente Donald Trump busca reduzir os preços altíssimos causados pela gripe aviária.

Embora nenhum dos ovos de galinhas brasileiras ou de frangos de corte fosse parar nas prateleiras dos supermercados, eles poderiam ser usados em alimentos processados, como misturas para bolo, sorvete ou molho para salada, liberando mais ovos frescos para os compradores.

Para permitir o uso de ovos de frangos de corte, seria necessário alterar regulamentações, e alguns especialistas em segurança alimentar advertiram que isso poderia contaminar os produtos alimentícios com bactérias nocivas.

A pressão econômica em todo o país persiste devido ao vírus que dizimou quase 170 milhões de galinhas, perus e outras aves desde o início de 2022. Consumidores examinam as prateleiras de supermercados com poucos estoques, restaurantes aumentaram os preços dos cardápios e os preços dos ovos no atacado subiram 53,6% em fevereiro, antes de diminuir um pouco em março.

A escassez de ovos pressionou a inflação de alimentos, mesmo com as disputas comerciais de Trump ameaçando interromper as cadeias de suprimentos e aumentar os custos de produtos frescos e outros bens.

Em fevereiro, o governo anunciou um plano de US$1 bilhão para reduzir os preços dos ovos, o que inclui ajudar os agricultores a evitar a disseminação do vírus e pesquisar opções de vacinas. O governo Trump também está promovendo importações de países como Turquia, Brasil e Coreia do Sul, que normalmente enviam poucos ovos para os EUA, e pediu à Europa aumente suas exportações.

As importações de ovos do Brasil pelos EUA em fevereiro aumentaram 93% em relação ao ano anterior, informou a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

A Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA disse à Reuters que está analisando uma petição do Conselho Nacional do Frango para permitir a venda, para consumo humano, de ovos postos por frangos de corte pelos membros do conselho.

Atualmente, os produtores de frangos de corte destroem milhões desses ovos porque não têm refrigeração suficiente para atender a uma exigência de segurança alimentar da FDA.

Em 2023, a FDA negou uma solicitação semelhante do conselho, citando o risco de salmonela. O setor de frangos espera que a agência agora apoie o esforço alinhado com a meta de Trump de reduzir regulamentações desnecessárias, disse Ashley Peterson, vice-presidente sênior de assuntos científicos e regulatórios do conselho.

"Precisamos de mais gemas para as pessoas", disse o deputado dos EUA Dusty Johnson, da Dakota do Sul, que está co-patrocinando um projeto de lei para permitir que os ovos sejam usados em produtos alimentícios.

OVOS JOGADOS FORA

A cada ano, frangos de corte põem cerca de 360 milhões de ovos que não são adequados para o nascimento de pintinhos, de acordo com o conselho. Alguns são usados para fabricar vacinas, exportados ou usados para outros fins, segundo a petição, mas a maioria é destruída.

A Wayne-Sanderson Farms, um dos principais produtores de carne de frango dos EUA, provavelmente joga fora cerca de 500.000 ovos por semana que não atendem às especificações, disse Mark Burleson, diretor sênior de serviços veterinários da empresa.

Esses ovos já foram vendidos a fábricas de processamento para serem pasteurizados e usados em alimentos processados. Porém, em 2009, uma norma da FDA com o objetivo de reduzir as doenças causadas por salmonela exigiu que os ovos fossem refrigerados a 45 graus Fahrenheit (7 graus Celsius) a partir de 36 horas após a postura.

Os produtores de frango mantêm os ovos de corte a cerca de 65 graus e não dispõem de equipamentos para refrigerá-los a uma temperatura mais baixa de acordo com o cronograma da FDA, disseram o conselho e agricultores.

O conselho disse que os ovos não ameaçam a saúde pública porque são pasteurizados. O grupo disse que não tinha conhecimento de problemas de segurança relacionados a esses ovos antes da edição da norma de 2009.

Especialistas em segurança alimentar disseram que a refrigeração insuficiente pode aumentar os agentes patogênicos a níveis em que a pasteurização não é totalmente eficaz.

"Há uma possibilidade real de se trocar um risco maior de doenças transmitidas por alimentos por alguma proporção de ovos destinados ao mercado de produtos derivados de ovos", disse Susan Mayne, que era diretora do Centro de Segurança Alimentar e Nutrição Aplicada da FDA quando a petição anterior foi analisada.

IMPORTAÇÕES DE OVOS, LEIS RECONSIDERADAS

Em janeiro, o governo Trump permitiu a importação de ovos brasileiros para processamento em produtos alimentícios para consumo humano, depois de terem sido permitidos anteriormente apenas para uso em alimentos para animais de estimação, de acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal.

As autoridades brasileiras já haviam comprovado que o Brasil atende aos requisitos dos EUA para exportar ovos a serem processados para consumo humano, disse a associação.

No entanto, o Brasil é afetado pela doença de Newcastle, um vírus que frequentemente mata aves, segundo o Departamento de Agricultura dos EUA, e o país não pode fornecer aos EUA ovos para venda em supermercados ou ovos líquidos pasteurizados para consumo humano.

Estados como Nevada e Arizona suspenderam as políticas de bem-estar animal que exigiam que os ovos viessem de galinhas livres de gaiolas, em um esforço para lidar com a escassez de suprimentos e os altos preços.

(Reportagem de Leah Douglas, em Washington, e Tom Polansek, em Chicago. Reportagem adicional de Ana Mano em São Paulo)

((Tradução Redação São Paulo))

REUTERS LF

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