Por Tom Polansek
CHICAGO, 11 Mar (Reuters) - O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) deixou inalterada sua previsão para os estoques finais de milho americano em um relatório mensal de oferta e demanda nesta terça-feira, surpreendendo os traders que esperavam um declínio devido às fortes exportações do país.
Os comerciantes e agricultores estão de olho nas exportações, com as disputas tarifárias dos EUA com os principais compradores, México, Canadá e China, ameaçando as vendas de produtos agrícolas americanos.
Eles disseram que o USDA provavelmente adiou as mudanças enquanto espera para ver se os EUA implementarão novas tarifas e como os parceiros comerciais reagirão.
O presidente dos EUA, Donald Trump, agitou os mercados de grãos na semana passada ao anunciar tarifas sobre produtos do México, o maior importador de milho dos EUA, bem como sobre produtos do Canadá. Dois dias após o anúncio, Trump suspendeu a maioria delas por um mês.
"Com a incerteza sobre as tarifas", disse Ted Seifried, estrategista-chefe de mercado da Zaner Ag Hedge, "o USDA só quer ver o que acontece".
O USDA estimou os estoques de milho dos EUA para 2024/25 em 1,54 bilhão de bushels e as exportações em 2,45 bilhões de bushels, ambos inalterados em relação a fevereiro.
Os analistas esperavam que os estoques caíssem para 1,516 bilhão de bushels devido à forte demanda, de acordo com uma pesquisa da Reuters.
O USDA também manteve sua estimativa para os estoques de soja dos EUA inalterada em 380 milhões de bushels, em comparação com as expectativas dos analistas de 379 milhões de bushels.
O governo deixou a demanda inalterada "porque não tem informações suficientes", disse Don Roose, presidente da corretora U.S. Commodities.
Os dados mensais de oferta e demanda do USDA não incorporarão as tarifas sobre o Canadá e o México até que elas entrem em vigor, disse a agência.
Mas os dados de terça-feira levaram em conta os impactos das tarifas retaliatórias impostas aos EUA pelo Canadá e pela China.
"Estou começando a me perguntar se há um possível jogo comercial acontecendo onde o USDA não quer aumentar as exportações de milho e depois ter que diminuí-las mais tarde, dependendo de como as coisas se desenrolam com a demanda de milho do México", disse Susan Stroud, analista fundadora da No Bull Ag.
A China, o maior importador de soja, retaliou as tarifas dos EUA na semana passada com aumentos nas taxas de importação que abrangem US$ 21 bilhões em produtos agrícolas e alimentícios americanos.
O USDA reduziu sua estimativa para as importações totais de milho da China de 10 milhões para 8 milhões de toneladas métricas.
O USDA fixou os estoques finais mundiais de milho em 288,94 milhões de toneladas métricas, em comparação com sua estimativa de fevereiro de 290,31 milhões. Os estoques finais mundiais de soja foram estimados em 121,41 milhões de toneladas, abaixo dos 124,34 milhões.
((Tradução Redação São Paulo 55 11 56447751)) REUTERS RS