Investing.com – Melhorias graduais nos dados do Carrefour Brasil (BVMF:CRFB3) foram elogiadas por analistas, ainda que com ressalvas, mas o mercado não viu o balanço da rede de atacarejo de forma tão positiva. Alta nas vendas e nas projeções de aberturas de lojas foram pontos de destaque, mas ajustes no portfólio seguem no radar e devem permear o segundo semestre, em busca de melhorias das margens, que estiveram entre os pontos de cautela citados por especialistas de bancos e corretoras. Às 15h03 (de Brasília) desta terça-feira, as ações recuavam 3,18%, a R$10,36.
O lucro líquido ajustado somou R$151 milhões no segundo trimestre, ante R$29 milhões em igual intervalo do ano passado. O Ebitda ajustado totalizou R$1,609 bilhão, alta anual de 20,2%, enquanto a receita operacional líquida atingiu R$29,619 bilhões, ganho de 7,8% na mesma comparação.
O JP Morgan considerou os resultados como acima do previsto, com melhores tendências na divisão principal, mas não o suficiente para alterar a indicação neutra. Apesar do lucro por ação ajudado (LPA) de R$0,07 ter sido superior às projeções do banco, ficou 20% abaixo do consenso. No segundo trimestre do ano passado, o indicador foi de R$0,01. O banco mencionou a revisão para cima do guidance de sinergias em R$ 1 bilhão para R$ 3 bilhões no nível de Ebitda até o final de 2025, em meio ao plano de conversão de lojas.
Para o banco Goldman Sachs (NYSE:GS), que possui recomendação de compra, com preço-alvo de R$14, os dados vieram acima do esperado em termos de vendas e Ebitda, tendo como impulsionador a bandeira Atacadão. Controle de despesas e alavancagem operacional, ajustes no portfólio e postura promocional estiveram entre os destaques elencados pelo GS.
“Embora esperemos que os investidores recebam com satisfação o forte crescimento do SSS em Atacadão, notamos que a decisão da empresa de impulsionar as vendas com métodos mais agressivos nos preços e ofertas de parcelamento pressionaram as margens brutas e o capital de giro”, pondera o Goldman.
O resultado foi superior ao esperado pelo BTG (BVMF:BPAC11) com impulso do cash & carry e Sam ́s Club, mas o banco mencionou como ressalva as margens fracas da divisão de varejo. O banco espera melhorias graduais ao longo do semestre, que deve ser de ajustes, em seu entendimento, como otimização do portfólio e lojas. Enquanto isso, a aceleração da integração do Grupo Big “significa que os resultados permanecerão sob pressão no semestre, principalmente em sua divisão de varejo, tornando o Carrefour uma decisão mais arriscada do que seus pares e sustentando nossa classificação neutra”, afirma o BTG, que tem preço-alvo de R$13 para os papéis.
A Guide Investimentos avaliou o resultado como bom, em linha com o esperado, com recuperação das vendas em todas as unidades de negócios, em função da aceleração recente da inflação, também conforme relatório divulgado ao mercado.
“A operação de supermercados apresentou crescimento da receita pela primeira vez desde o 2T23. As enchentes no Rio Grande do Sul tiveram impacto pequeno nos resultados do Carrefour: a região representa uma parcela pequena das vendas e apenas parte das lojas no RS foram fechadas enquanto as lojas que continuaram abertas apresentaram resultados melhores que a média do grupo”, destacou a Guide, completando que a empresa espera diminuição na alíquota efetiva de imposto nos próximos trimestres diante da amortização de ágio da aquisição do Big.