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GRÁFICO-Mercados se recuperam após pausa nas tarifas de Trump e redefinem volatilidade

Reuters10 de abr de 2025 às 15:15

Por Amanda Cooper e Samuel Indyk

- A reviravolta do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em relação a suas tarifas tem provocado ainda mais volatilidade nos mercados, fazendo com que os investidores vendessem ações em busca de ativos seguros e depois voltassem para os ativos mais arriscados, e embora crises anteriores tenham visto movimentos maiores, poucos foram tão rápidos.

Trump disse na quarta-feira que reduziu temporariamente as pesadas tarifas impostas a dezenas de países e aumentou a pressão sobre a China, dando início a uma das mais intensas reviravoltas nos mercados desde a crise da Covid-19 em 2020.

Com a volatilidade, é a velocidade de um movimento que pode disparar os alarmes. E as oscilações de mercado em abril têm ocorrido com aproximadamente a mesma intensidade de 2020 e perto da crise financeira de 2008, mas em uma fração do tempo.

Veja como os movimentos se desenrolaram desde o anúncio da tarifa recíproca de Trump em 2 de abril:

1/ PARA A LUA?

Mercados acionários de todo o mundo se recuperaram na quarta e quinta-feira após a pausa de Trump. O S&P 500 .SPX subiu 9,5% na quarta-feira, seu maior ganho diário desde 2008, enquanto o STOXX 600 .STOXX tinha seu maior salto desde março de 2020 nesta quinta-feira.

Mas a maioria dos principais índices permanece abaixo dos níveis anteriores ao do anúncio do "Dia da Libertação", e todos sofreram algumas de suas maiores quedas em anos.

As ações de Hong Kong caíram 13% na segunda-feira .HSI, sua maior queda desde 1997, enquanto o STOXX 600 e o S&P 500 tiveram suas maiores quedas em três dias desde a pandemia da Covid-19.

"Estamos vendo níveis de incerteza e de volatilidade que não víamos desde a crise financeira global", disse George Lagarias, economista-chefe da Forvis Mazars.

"Esses níveis de volatilidade não são bons para os mercados financeiros. Há risco de deslocamentos", acrescentou.

2/ VORTEX DE TÍTULOS

O mercado de Treasuries está no epicentro das oscilações, pois os investidores, preocupados com o impacto das tarifas sobre a economia dos EUA e com o consequente dano à estabilidade dos ativos norte-americanos, se desfizeram dos títulos do Tesouro.

Os rendimentos do Treasury de dez anos, que caíram 30 pontos-base nos dias que se seguiram a 2 de abril, subiram até 25 pontos-base em um determinado momento na quarta-feira, antes de caírem quase com a mesma rapidez quando a notícia da pausa chegou.

Os rendimentos subiram até 36 pontos-base entre 2 de abril e o pico de 9 de abril e agora estão 14 pontos-base mais altos. Durante a crise da Covid no início de 2020, eles caíram até 120 pontos-base antes de voltarem a ser negociados cerca de 100 pontos-base acima quando o pior da crise já havia passado.

3/ QUEDA CONTÍNUA DO DÓLAR

O dólar não tem funcionado como a âncora para a busca de ativos seguros dos mercados de câmbio e tem recuado em relação a várias moedas importantes desde 1º de abril.

A divisa dos EUA perdeu quase 5% frente ao franco suíço CHF=EBS e quase 3% ante o iene JPY=EBS e o euro EUR=EBS.

No que diz respeito à volatilidade, os investidores têm buscado se proteger contra grandes oscilações de preço, principalmente porque os vencedores e perdedores do próximo conjunto de manchetes sobre tarifas podem não ser óbvios.

Em relação a uma cesta de moedas =USD, o dólar fez, desde 2 de abril, o mesmo tipo de viagem de ida e volta que fez durante a Covid, mas, novamente, em uma fração do tempo.

4/ BANCOS A CAMINHO DE UMA RECUPERAÇÃO?

Os bancos globais têm tido que lidar com as expectativas de um choque no crescimento global e com a perspectiva de cortes acelerados nas taxas de juros na esteira dos planos tarifários de Trump, uma combinação que fez com que as ações despencassem, antes de se recuperarem com a pausa de Trump.

O índice bancário KBW .BKX dos EUA caiu quase 16% em dois dias, sua maior queda desde março de 2020, enquanto os credores europeus .SX7P tiveram a maior queda desde 2020, dois dias após o "Dia da Libertação".

Isso marcou uma reviravolta notável para o setor que havia se beneficiado anteriormente de taxas de juros mais altas, de uma economia robusta dos EUA e de um melhor crescimento na Europa.

Os mercados rapidamente precificaram cortes de juros pelo Banco Central Europeu e pelo Federal Reserve devido ao aumento dos riscos de recessão, mas desde então reduziram algumas dessas expectativas.

As ações do setor bancário se recuperaram. O KBW subiu 9% na quarta-feira, seu maior salto em um dia desde a reeleição de Trump em novembro.

As ações de bancos europeus subiam quase 7% nesta quinta-feira, a caminho de sua maior alta em um dia desde março de 2022, após a invasão da Ucrânia pela Rússia.

5/ UM SURTO ÉPICO DE VOLATILIDADE

Houve momentos em que os mercados se moveram mais em uma direção ou outra do que agora, mas poucos períodos com tamanha velocidade.

O índice VIX .VIX, que reflete o grau em que os investidores estão se protegendo contra a volatilidade, atingiu níveis de crise.

Ele saltou para 60 nesta semana, algo que aconteceu em apenas três ocasiões desde a criação do índice em 1990 - uma forte liquidação do mercado em agosto, 2020 e 2008. Desde então, o índice caiu para perto de 35, o que significa que o aumento e a queda nos últimos três dias foi um dos mais rápidos já registrados.

((Tradução Redação São Paulo, +55 11 5047-3075))

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