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Trump pressionou Xi para libertar magnata da mídia de Hong Kong Jimmy Lai, dizem fontes

Reuters6 de nov de 2025 às 13:45

Por Greg Torode e James Pomfret e Michael Martina e Trevor Hunnicutt

- O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez um apelo direto ao presidente da China, Xi Jinping, para que libertasse o magnata da mídia de Hong Kong Jimmy Lai, que está preso.

O pedido foi feito durante o encontro entre os dois líderes na Coreia do Sul, na semana passada, segundo três pessoas a par das negociações e um funcionário do governo norte-americano.

Trump não discutiu um acordo específico para libertar Lai, mas falou de forma mais ampla sobre as preocupações em torno da saúde e do bem-estar do magnata da imprensa, de 77 anos, após seu longo julgamento por acusações ligadas à segurança nacional, disse uma das fontes.

Trump dedicou menos de cinco minutos à discussão do assunto, acrescentou a fonte.

"O presidente Trump mencionou o caso de Jimmy Lai, exatamente como havia dito que faria", afirmou o funcionário do governo. "Tanto o presidente Trump quanto o presidente Xi participaram da discussão que se seguiu."

"A questão foi levantada por Trump e anotada por Xi", disse uma terceira pessoa sob condição de anonimato, dada a sensibilidade do encontro entre os líderes.

Essa fonte disse que Trump sugeriu que a libertação de Lai seria boa para as relações entre os EUA e a China, além de benéfica para a imagem chinesa.

A intervenção direta de Trump ocorre enquanto Lai aguarda o veredicto após um julgamento amplamente visto como um símbolo da repressão da China aos direitos e liberdades no centro financeiro asiático, sob uma lei de segurança nacional imposta após protestos pró-democracia, em 2019.

Lai, fundador do tabloide pró-democracia Apple Daily, agora extinto, declarou-se inocente das acusações de conspiração para conluio com forças estrangeiras e de uma acusação de conspiração para publicar material sedicioso.

O presidente dos EUA afirmou antes das negociações que planejava levantar o caso de Lai, mas nem ele, nem os comunicados de ambas as partes mencionaram o assunto posteriormente.

A Casa Branca se recusou a comentar sobre as perguntas a respeito da possível menção a Lai durante o encontro entre Trump e Xi. E não confirmou se Trump abordou o assunto.

Liu Pengyu, porta-voz da embaixada da China em Washington, disse não ter conhecimento de detalhes específicos sobre Lai a respeito da reunião dos líderes, mas enfatizou que os "crimes de Lai prejudicaram gravemente a prosperidade e a estabilidade de Hong Kong".

"Qualquer tentativa de interferir no processo judicial ou de minar o Estado de Direito em Hong Kong não terá sucesso", disse Liu.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, disse em uma coletiva regular de imprensa em Pequim, nesta quinta-feira, que Lai foi o "principal planejador e participante" dos "distúrbios anti-China" em Hong Kong.

"O governo central chinês apoia firmemente o poder judiciário de Hong Kong no desempenho de suas funções de acordo com a lei", disse Mao.

"Os assuntos de Hong Kong são assuntos internos da China e não admitem interferência de forças externas."

Embora Lai seja cidadão britânico, seu caso tem sido motivo de atrito entre Washington e Pequim, com Trump tendo afirmado no ano passado, durante sua campanha presidencial, que "com certeza" tiraria Lai da China.

O filho de Lai, Sebastien Lai, elogiou Trump na semana passada e disse estar "incrivelmente grato" após relatos não confirmados de que Trump teria mencionado o caso de seu pai a Xi.

"Conhecendo a reputação do presidente Trump como o Libertador-em-Chefe, rezo para que seu apoio e compromisso contínuos convençam o presidente Xi a libertar meu pai antes que seja tarde demais", disse Sebastien Lai em um comunicado.

Trump considerou um sucesso as negociações com Xi, dominadas por questões comerciais, destacando também o progresso nas remessas de terras raras e as promessas de "medidas enérgicas" em relação à exportação de produtos químicos usados na produção do fentanil, droga altamente viciante. Ele afirmou que as tensões sobre Taiwan não foram mencionadas durante os 90 minutos de conversa na Coreia do Sul.

Segundo a família e grupos de direitos humanos, Lai está em confinamento solitário há mais de 1.700 dias.

Autoridades chinesas e de Hong Kong já afirmaram que é importante que o processo legal local possa seguir seu curso e que Lai esteja tendo um julgamento justo.

Hong Kong, antiga colônia britânica, opera um sistema judicial separado do resto da China, baseado nas tradições do Direito Comum, o que significa que Lai tem maior proteção legal do que na China continental.

Lai está atualmente detido na prisão de Lai Chi Kok, aguardando o veredicto após o término de seu julgamento no final de agosto, segundo duas pessoas familiarizadas com a situação. Se condenado, ele poderá enfrentar uma pena máxima de prisão perpétua.

Ele está sofrendo de palpitações cardíacas e recebeu um monitor cardíaco e medicação, disseram seus advogados.

(Reportagem de Greg Torode e James Pomfret em Hong Kong e Michael Martina e Trevor Hunnicutt em Washington)

((Tradução Redação São Paulo))

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