
Por Mike Stone
WASHINGTON, 4 Nov (Reuters) - O governo Trump está analisando um pedido da Arábia Saudita para comprar até 48 caças F-35, um negócio que pode valer bilhões de dólares e que já superou um importante obstáculo no Pentágono antes da visita do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, disseram duas fontes familiarizadas com o assunto.
A venda representaria uma mudança política significativa, podendo alterar o equilíbrio militar no Oriente Médio e testar a definição de Washington sobre a manutenção da "vantagem militar qualitativa" de Israel.
A Arábia Saudita fez um apelo direto ao presidente dos EUA, Donald Trump, no início deste ano (link) e há muito tempo se interessa pelo caça da Lockheed Martin (LMT.N), disseram uma das pessoas e um oficial norte-americano. (link) O Pentágono está agora avaliando uma possível venda de 48 dessas aeronaves avançadas, disseram à Reuters o oficial norte-americano e a pessoa familiarizada com as negociações. O tamanho do pedido e seu status não haviam sido divulgados anteriormente.
O funcionário norte-americano e um segundo funcionário norte-americano, que reconheceram que o acordo de armas estava tramitando, disseram que nenhuma decisão final foi tomada e que várias outras etapas são necessárias antes da aprovação definitiva, incluindo novas aprovações em nível de gabinete, a assinatura de Trump e a notificação ao Congresso.
O departamento de políticas do Pentágono trabalhou na possível transação durante meses, e o caso agora chegou ao nível de secretário dentro do Departamento de Defesa, de acordo com um dos funcionários, que falou sob condição de anonimato.
O Pentágono, a Casa Branca e o Departamento de Estado não responderam imediatamente aos pedidos de comentários. Um porta-voz da Lockheed Martin afirmou que as vendas militares são transações entre governos e que o assunto deve ser tratado por Washington.
Washington avalia a venda de armas para o Oriente Médio de forma a garantir que Israel mantenha uma "vantagem militar qualitativa". Isso assegura que Israel receba armamentos norte-americanos mais avançados do que os países árabes da região.
O F-35, construído com tecnologia furtiva que lhe permite evitar a detecção inimiga, é considerado o caça mais avançado do mundo. Israel opera a aeronave há quase uma década, tendo construído vários esquadrões, e continua sendo o único país do Oriente Médio a possuir esse sistema de armas.
A Arábia Saudita, maior comprador de armas norte-americanas, busca o caça há anos, visando modernizar sua força aérea e combater ameaças regionais, principalmente do Irã. O renovado interesse do reino em adquirir o que seriam dois esquadrões ocorre em um momento em que o governo Trump demonstra abertura para aprofundar a cooperação em defesa com Riad. A Força Aérea Saudita opera uma frota diversificada de aeronaves de combate, incluindo Boeing BA.N F-15s, Tornados e Typhoons europeus.
A questão do F-35 também esteve interligada a esforços diplomáticos mais amplos. O governo Biden já havia explorado a possibilidade de fornecer F-35s à Arábia Saudita como parte de um acordo abrangente que incluiria a normalização das relações entre Riad e Israel, embora esses esforços tenham acabado por fracassar.
Desde que retornou ao cargo, Trump priorizou a venda de armas para a Arábia Saudita. Em maio, os Estados Unidos concordaram em vender ao reino um pacote de armas no valor de quase US$ 142 bilhões, que a Casa Branca classificou como "o maior acordo de cooperação em defesa" já firmado por Washington.
O escrutínio do Congresso também pode representar desafios para qualquer venda do F-35. Parlamentares já questionaram acordos de venda de armas com Riad após o assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi em 2018, e alguns membros do Congresso permanecem cautelosos quanto ao aprofundamento da cooperação militar com o reino.
A possível venda também ocorre em um momento em que a Arábia Saudita busca planos ambiciosos de modernização econômica e militar, no âmbito da agenda Visão 2030 do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman. O reino tem procurado diversificar suas parcerias de defesa nos últimos anos, mantendo, ao mesmo tempo, sua relação de segurança de décadas com Washington.