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Trump tenta estratégia antiga, de grupo de trabalho, em relação ao fentanil da China

Reuters4 de nov de 2025 às 13:52

Por Michael Martina

- O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, iniciou seu segundo mandato sinalizando que as negociações com a China para conter o fluxo de fentanil eram infrutíferas e, em função disso, impôs tarifas de 20% sobre produtos chineses para tentar pressionar Pequim a combater o tráfico do opioide sintético.

Mas na semana passada, após se reunir com o presidente chinês Xi Jinping na Coreia do Sul, Trump concordou em reduzir pela metade as tarifas relacionadas ao fentanil impostas à China, em troca de um novo "consenso" sobre a droga.

Segundo o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, este consenso seria definido por meio de um novo grupo de trabalho bilateral.

O acordo reativa um canal de comunicação adotado pela China, mas há muito tempo ridicularizado por legisladores republicanos, que argumentam que Pequim apresenta esses grupos de trabalho como concessões em negociações de alto nível para depois envolver os EUA em negociações prolongadas.

Isso também sinaliza uma mudança para os assessores de Trump, que insistiam que as medidas punitivas permaneceriam em vigor até que Pequim comprovasse que estava reprimindo suas cadeias de suprimento de fentanil.

"O governo fez concessões significativas em sua própria posição sobre a China e o combate ao narcotráfico ao aceitar agora o compromisso de lançar um grupo de trabalho", disse Henrietta Levin, que atuou como diretora para a China no Conselho de Segurança Nacional do presidente Joe Biden. Levin agora é pesquisadora sênior do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais.

Ela afirmou que um grupo de trabalho desse tipo ainda poderia produzir resultados, mas que a China já havia conseguido convencer os EUA, pelo menos três vezes na última década, sobre a cooperação no combate ao narcotráfico, sob as administrações de Trump e Biden.

"Você começa a se perguntar quantas vezes eles podem nos vender exatamente a mesma promessa sem convicção", disse.

Autoridades do governo Trump afirmam que, desta vez, o mecanismo será focado em resultados, e não um fórum para diálogo sobre o fentanil.

"OBRIGUEM-NO"

Autoridades chinesas defendem veementemente seu histórico em relação ao fentanil, uma das principais causas de mortes por overdose nos EUA, afirmando já terem tomado medidas extensivas para regulamentar certos precursores químicos usados na fabricação da droga. Elas acusam Washington de usar a questão como forma de "chantagem".

A China divulgou poucos detalhes sobre o acordo relativo ao fentanil. O comunicado do Ministério das Relações Exteriores sobre o encontro entre Trump e Xi não mencionou o fentanil, e a declaração do Ministério do Comércio disse apenas que os dois lados "chegaram a um consenso" sobre a cooperação no combate ao opioide.

"Os EUA precisam tomar medidas concretas para criar as condições necessárias para a cooperação", disse a embaixada da China em Washington à Reuters, sem mencionar o grupo de trabalho. Acrescentou que a China "continua aberta a dar continuidade à cooperação".

O grupo de trabalho EUA-China de combate às drogas, criado durante a era Biden, desintegrou-se rapidamente quando Trump implementou as tarifas no início deste ano. Mas já era alvo de desprezo por parte dos republicanos.

Em 2023, o então senador JD Vance -- agora vice-presidente de Trump -- juntou-se a outros legisladores republicanos para criticar duramente o governo Biden por remover as sanções contra a China, para atraí-la para negociações sobre o fentanil.

"O presidente Xi só responderá com firmeza. Devemos pressioná-lo e deixar claro que as sanções só serão suspensas depois que o CCP (Partido Comunista Chinês, na sigla em inglês) interromper a produção letal de precursores químicos do fentanil", escreveram Vance e outros legisladores à administração Biden.

Assessores do governo Biden insistiram que a China deu passos graduais no âmbito do grupo de trabalho, mas que precisava fazer muito mais.

A Casa Branca não respondeu ao pedido de comentário da Reuters sobre o novo grupo de trabalho, mas divulgou um comunicado no sábado afirmando que a China "interromperá o envio de certos produtos químicos designados para a América do Norte e controlará rigorosamente as exportações de outros produtos químicos para todos os destinos do mundo".

O representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, disse à Fox Business News que o país ainda mantém tarifas de 10% sobre o fentanil proveniente da China.

"Ainda temos poder de barganha neste ponto para garantir que os chineses cumpram suas obrigações", disse Greer.

No entanto, a reimposição das tarifas poderia ameaçar a trégua comercial mais ampla e instável alcançada por Trump e Xi, e qualquer renovação das tensões comerciais colocaria em dúvida uma possível visita de Trump à China em abril.

Michael Froman, presidente do Conselho de Relações Exteriores e ex-representante comercial dos EUA, afirmou em um boletim informativo que as tarifas de Trump funcionaram como uma forma de pressão, desde que a China "de fato cumpra o acordo desta vez".

"Caso contrário, imagino que essas tarifas possam voltar a subir", escreveu.

(Reportagem de Michael Martina em Washington)

((Tradução Redação São Paulo))

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