
Por David Shepardson
WASHINGTON, 3 Nov (Reuters) - Autoridades norte-americanas atrasaram uma nova rodada de voos nesta segunda-feira e companhias aéreas afirmaram que 3,2 milhões de passageiros foram atingidos por atrasos ou voos cancelados devido a um aumento nas ausências dos controladores de tráfego aéreo em meio à falta de pagamento, enquanto a paralisação do governo entrou em seu 34º dia.
A Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês) informou que houve atrasos em terra nos aeroportos de Dallas e Austin devido à falta de controladores de tráfego aéreo. Cerca de 2.900 voos sofreram atrasos nesta segunda-feira e outros atrasos poderão ser registrados nos aeroportos de Houston e Washington, segundo a FAA.
A paralisação forçou 13.000 controladores de tráfego aéreo e 50.000 funcionários da Administração de Segurança dos Transportes a trabalhar sem remuneração e prejudicou dezenas de milhares de voos.
Anteriormente, o secretário de Transportes, Sean Duffy, advertiu que o governo Trump fecharia o sistema de aviação dos EUA se achasse que a paralisação contínua do governo estava tornando as viagens muito arriscadas.
"Se acharmos que não é seguro... fecharemos todo o espaço aéreo. Não deixaremos as pessoas viajarem. Neste momento, ainda não chegamos a esse ponto. São apenas atrasos significativos", disse Duffy à CNBC.
Na sexta-feira, a FAA disse que quase metade dos 30 aeroportos mais movimentados dos EUA enfrentou escassez de controladores de tráfego aéreo, o que levou a mais de 6.200 atrasos e 500 cancelamentos, no pior dia desde o início da paralisação.
Em Nova York, na sexta-feira, 80% dos controladores de tráfego aéreo estavam ausentes, informou a agência. Segundo Duffy, 65% dos atrasos de sexta-feira foram causados por ausências de controladores.
Mais de 3,2 milhões de passageiros tiveram seus voos atrasados ou cancelados devido a problemas com a equipe de controle de tráfego aéreo desde o início da paralisação, em 1º de outubro -- incluindo 300.000 somente na sexta-feira -- disse a Airlines for America, que representa a American Airlines AAL.O, a United Airlines UAL.O, a Southwest Airlines LUV.N, a Delta Air Lines DAL.N, a JetBlue Airways JBLU.O e outras grandes companhias aéreas.
O grupo afirmou que 16% dos atrasos foram causados por problemas de pessoal em outubro, acima dos 5% típicos antes da paralisação, número que cresceu para 79% nos dois primeiros dias de novembro.
As companhias aéreas estão entrando em contato com os parlamentares para manifestar sua preocupação com o impacto das interrupções nas operações.
O presidente-executivo da United, Scott Kirby, disse que a paralisação está afetando as reservas de voos e que as companhias aéreas estão preocupadas com o início iminente da temporada de viagens de férias.
Duffy garantiu que não tem planos de demitir os controladores de tráfego aéreo que estão pedindo auxílio-doença, argumentando que eles "estão tentando colocar comida na mesa de suas famílias".
"Estou pedindo a todos eles que venham trabalhar."
Um número cada vez maior de ausências de controladores de tráfego aéreo durante a paralisação do governo, que já dura 34 dias, levou a atrasos dramáticos nos aeroportos dos EUA. As ausências dos agentes de segurança da Administração de Segurança dos Transportes provocaram longas filas nos aeroportos de San Diego e Houston nos últimos dias. O Houston Bush teve filas de segurança com mais de três horas de duração no domingo.
No sábado, houve 4.600 atrasos e 173 voos cancelados, e no domingo, 5.800 atrasos e 244 voos cancelados.
As quatro maiores companhias aéreas e a Associação Nacional de Controladores de Tráfego Aéreo pediram ao Congresso que aprove rapidamente um projeto de lei de financiamento provisório para permitir a reabertura do governo.
As companhias aéreas têm solicitado repetidamente o fim da paralisação, citando os riscos à segurança da aviação.
A paralisação exacerbou a já existente escassez de pessoal, ameaçando causar interrupções generalizadas semelhantes àquelas que ajudaram a encerrar uma paralisação do governo de 35 dias em 2019.
A FAA tem cerca de 3.500 controladores de tráfego aéreo a menos do que os níveis de pessoal pretendidos e muitos estavam trabalhando horas extras obrigatórias e semanas de seis dias, mesmo antes da paralisação.
(Reportagem de David Shepardson)
((Tradução Redação Brasília))
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