
Por Michelle Nichols
NAÇÕES UNIDAS, 24 Out (Reuters) - Os Estados Unidos disseram nesta sexta-feira que considerariam candidatos de todo o mundo para ser o próximo secretário-geral da ONU, uma medida que pode irritar os países latino-americanos que acreditam que é a sua vez de fornecer um líder para o órgão mundial.
O décimo secretário-geral da ONU será eleito no próximo ano para um mandato de cinco anos a partir de 1º de janeiro de 2027. O cargo é tradicionalmente alternado entre as regiões, e a próxima na lista é a América Latina e o Caribe.
"Acreditamos que o processo de seleção para um cargo tão importante deve ser puramente baseada no mérito, com o maior número possível de candidatos", disse a embaixadora adjunta dos EUA na ONU, Dorothy Shea.
"Com isso em mente, os Estados Unidos convidam candidatos de todos os grupos regionais", acrescentou.
A disputa começará formalmente quando o Conselho de Segurança da ONU, composto por 15 membros, e o presidente da Assembleia Geral, composta por 193 membros, enviarem uma carta conjunta até o final deste ano solicitando indicações. Os candidatos são indicados pelos Estados-membros da ONU.
"Mantemos a esperança de que, durante esse processo, a experiência e os perfis de liderança do mundo em desenvolvimento sejam devidamente reconhecidos para essa posição vital, particularmente da região da América Latina/Caribe", disse o vice-embaixador do Panamá na ONU, Ricardo Moscoso, ao Conselho de Segurança na sexta-feira. O Panamá está cumprindo um mandato de dois anos no conselho.
Por fim, as cinco potências permanentes que exercem o poder de veto no conselho -- Reino Unido, China, França, Rússia e EUA -- precisam chegar a um acordo sobre um candidato.
O embaixador da Rússia na ONU, Vassily Nebenzia, disse à Reuters que é uma tradição, e não uma regra, que o cargo de secretário-geral seja alternado entre as regiões.
"Os latino-americanos têm toda a razão moral para reivindicar esse mandato, mas isso não impede que candidatos de outras regiões assumam o cargo se quiserem", disse ele. "Meu critério é o mérito."
"Não me importo com uma mulher que vai ganhar por mérito, mas o mérito vem em primeiro lugar. O mérito vem antes do gênero", disse Nebenzia.
Há uma pressão crescente para que a ONU escolha pela primeira vez uma mulher como secretária-geral.
"Depois de 80 anos, já passou da hora de uma mulher estar à frente dessa organização", disse a embaixadora da Dinamarca na ONU, Christina Markus Lassen. A Dinamarca também está cumprindo um mandato de dois anos no conselho.
Embora a disputa ainda não tenha começado formalmente, o Chile disse que indicará a ex-presidente Michelle Bachelet, e a Costa Rica planeja indicar a ex-vice-presidente Rebeca Grynspan.
(Reportagem de Michelle Nichols)
((Tradução Redação Rio de Janeiro))
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