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Diretora do FMI pede que países mantenham o comércio como motor do crescimento

Reuters16 de out de 2025 às 16:11

Por Andrea Shalal e David Lawder

- A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, pediu nesta quinta-feira que os países membros mantenham o comércio como motor do crescimento para a economia mundial, a despeito das novas e pesadas tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, alertando que uma guerra comercial de maior escala teria consequências negativas.

Georgieva, falando a repórteres nas reuniões anuais do FMI e do Banco Mundial, traçou uma visão sóbria de uma economia global que está se saindo melhor do que se temia quando os membros do FMI e do Banco Mundial se reuniram pela última vez em Washington, em abril, mas ainda enfrenta muitos riscos, incluindo inflação, dívida elevada e agitação crescente em países ao redor do mundo.

O FMI está prevendo um crescimento real do PIB global de 3,2% para 2025, abaixo dos 3,3% de 2024, mas um pouco acima da previsão de julho de 3,0% e da previsão mais severa de abril de 2,8%, que veio depois que Trump impôs tarifas sobre quase todos os países do mundo, desencadeando uma escalada de retaliação com a China.

A relativa calma dos últimos meses foi abalada na semana passada, quando a China impôs novos controles de exportação de metais de terras raras necessários para o setor de tecnologia, e Trump respondeu impondo novas tarifas de 100% sobre as importações chinesas.

Georgieva, diretora-gerente do FMI, observou que, até o momento, apenas três países - Estados Unidos, China e Canadá - aumentaram as tarifas, e ela pediu aos países que sejam moderados para evitar consequências como aumento da inflação, redução do crescimento e efeitos sobre o emprego.

"Se houver um aumento das tensões comerciais, isso, é claro, terá um impacto negativo", disse Georgieva. "É por isso que estamos dizendo ... por favor, não faça isso. Não é uma ação saudável."

"A maior economia do mundo optou por usar as tarifas como um instrumento nas relações com seus parceiros", disse Georgieva sobre os EUA. "O fato interessante hoje é que o resto do mundo não o seguiu até agora."

BARREIRAS COMERCIAIS

Georgieva disse que dos 191 países membros do FMI, 188 optaram por não retaliar e estão negociando mais entre si.

"A Índia ainda mantém algumas barreiras ao comércio. Há tarifas que a Índia impõe, há algumas restrições. E é bom pensar: para onde queremos ir? Queremos ir na direção de manter e aumentar essas restrições, ou queremos ir na direção oposta?"

Ela disse que as relações da Índia com a União Europeia parecem estar sinalizando um desejo de negociar mais com outros países.

Segundo Georgieva, os países com grandes superávits externos, como a China, precisam depender mais do consumo interno do que das exportações, enquanto os países com grandes déficits fiscais, como os Estados Unidos, precisam reduzi-los para ajudar a economia em geral.

Georgieva também abordou a faca de dois gumes da inteligência artificial, observando que o investimento em expansão na tecnologia, concentrado principalmente nos EUA, poderá contribuir entre 0,1% e 0,8% para o crescimento global, mas também pode causar maior discrepância entre países ricos e pobres.

"Se conseguíssemos extrair esse tipo de impulso de crescimento, isso seria muito significativo para o mundo", disse ela.

"O risco é que possamos acabar em um mundo onde a produtividade está aumentando, mas também é uma fonte de divergência dentro dos países e entre os países", disse ela.

Georgieva disse que a dívida pública está em níveis quase recordes e ainda está subindo, e que desequilíbrios excessivos estão atormentando muitos países, com o aumento da incerteza e o desencadeamento de distúrbios sociais em muitos lugares.

"A força da mudança está tornando a economia global menos previsível, e isso está afetando as pessoas. As pessoas estão ansiosas e estão indo às ruas para exigir melhores oportunidades", disse ela.

(Reportagem de David Lawder e Andrea Shalal)

((Tradução Redação São Paulo))

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