
Por Luciana Magalhaes e Leticia Fucuchima
SÃO PAULO, 3 Out (Reuters) - A J&F Investimentos SA, holding dos bilionários irmãos Batista, está em negociações para adquirir a usina térmica do Rio de Janeiro da concessionária francesa EDF, de acordo com duas pessoas familiarizadas com o assunto.
O negócio, que pode render até 2 bilhões de reais(US$ 374 milhões) Segundo uma das fontes, a venda de ativos, coordenada pelo Bank of America, ainda está em estágio inicial e a J&F ainda não fez uma oferta vinculativa.
As negociações fazem parte de uma onda de negócios no setor energético brasileiro neste ano, que em breve poderá incluir grandes acordos com empresas como a canadense Brookfield BAM.TO e a francesa Engie ENGIE.PA, disseram pessoas familiarizadas com o assunto.
Questionada sobre as negociações para vender sua planta Norte Fluminense, a EDF disse que está avaliando IPOs de suas subsidiárias norte-americanas e brasileiras como parte de um plano global de 10 anos para aumentar seu portfólio e capacidade de investimento de longo prazo.
A J&F e o Bank of America não quiseram comentar.
EMPRESA DE SERVIÇOS PÚBLICOS FRANCESA REFOCA-SE NA ENERGIA NUCLEAR DOMÉSTICA
Como parte de uma revisão estratégica (link) A EDF está avaliando opções para seus ativos brasileiros enquanto reduz sua presença no exterior e se desfaz de ativos não essenciais para se concentrar em projetos nucleares nacionais.
A usina a gás natural está operando sem contratos de longo prazo com compradores, o que a torna atraente para a J&F, que frequentemente busca ativos de baixo desempenho para recuperação, disse uma fonte. A Ambar Energia, empresa de energia da J&F, possui outras usinas sem contratos de longo prazo em seu portfólio.
A J&F, que também é dona do frigorífico JBS JBS.NJBSS3.SA, expandiu seu alcance no setor de energia por meio de sua subsidiária Ambar Energia.
A holding fez separadamente uma oferta esta semana para comprar a Roraima Energia, uma distribuidora de energia no estado do norte do Brasil de propriedade do grupo Oliveira Energia.
No ano passado, a J&F assinou um acordo preliminar com a Oliveira Energia para assumir o controle da distribuidora de energia no Amazonas, mas o negócio ainda não foi finalizado.
SETOR DE ENERGIA IMPULSIONA AUMENTO NAS NEGOCIAÇÕES NO BRASIL
Energia e recursos naturais estão liderando as atividades de fusões e aquisições do país neste ano, com transações totalizando US$ 22,3 bilhões, ou 53% de todos os negócios no país até setembro, de acordo com a empresa de consultoria financeira Seneca Evercore.
Quatro dos 10 maiores negócios do Brasil em 2025 foram em energia e outros três em recursos naturais, impulsionados por compradores que buscam setores resilientes com fluxos de caixa estáveis, disse o sócio fundador da Seneca Evercore, Daniel Wainstein.
Entre os principais negócios no horizonte está a potencial venda da linha de alta tensão da Mantiqueira, no estado de Minas Gerais, pela Brookfield.
A transação, liderada pelos bancos de investimento brasileiros Itaú BBA e Bradesco BBI, pode movimentar cerca de 5 bilhões de reais, com a licitação já em andamento e um acordo de venda esperado para o final deste ano ou início de 2026, de acordo com duas pessoas familiarizadas com as negociações.
O acordo, noticiado pela primeira vez no jornal brasileiro Valor Econômico, atraiu o interesse da chinesa State Grid, do colombiano Grupo Energia Bogotá e de um consórcio formado pela brasileira Taesa e Cemig, disseram fontes.
Brookfield, Cemig, Itaú e Bradesco não quiseram comentar. State Grid, GEB e Taesa não responderam aos pedidos de comentário.
ENGIE EXPLORA PARCERIA DE ATIVOS DE TRANSMISSÃO
A subsidiária brasileira da Engie também está avaliando a venda de uma participação minoritária em seus ativos de transmissão, disseram duas pessoas familiarizadas com as negociações.
A empresa francesa de energia contratou o banco de investimentos Morgan Stanley para analisar uma possível parceria para seus investimentos em linhas de transmissão, disse uma das fontes. Outra fonte afirmou que as discussões estão em estágio inicial, sem o envolvimento de potenciais compradores.
Em um comunicado, a Engie confirmou que contratou um consultor financeiro para avaliar oportunidades no setor de transmissão, mas ainda não tomou nenhuma decisão.
O Morgan Stanley não quis comentar.