MOSCOU, 25 Set (Reuters) - O Kremlin disse nesta quinta-feira que presume que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ainda está comprometido em trabalhar para alcançar a paz na Ucrânia, depois que o líder dos EUA mudou abruptamente sua retórica a favor de Kiev no início desta semana.
Trump disse na terça-feira, depois de se reunir com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, que acredita que Kiev poderia recuperar todas as suas terras tomadas pela Rússia -- que controla cerca de um quinto do país -- e que deveria agir agora, com Moscou enfrentando problemas econômicos.
O vice-presidente de Trump, JD Vance, disse a repórteres na quarta-feira que Trump está ficando "incrivelmente impaciente" com a Rússia porque eles não estavam "colocando o suficiente na mesa para acabar com a guerra".
"Se os russos se recusarem a negociar de boa fé, acho que isso será muito, muito ruim para o país deles. Foi isso que o presidente deixou claro. Não se trata de uma mudança de posição. É um reconhecimento da realidade no terreno", disse Vance.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, solicitado a comentar a observação de Vance e se a Rússia a considera uma contradição ao desejo declarado de Washington de ajudar a acabar com a guerra, disse: "Não, não contradiz. De fato, vemos uma retórica diferente vinda de Washington. Por enquanto, presumimos que Washington mantém a vontade política, e o presidente Trump mantém a vontade política, de continuar os esforços para um acordo pacífico na Ucrânia".
"Apoiamos esses esforços, e a Rússia continua aberta a entrar em negociações de paz."
Alguns nacionalistas russos sugeriram que os comentários de Trump indicam que ele se distanciaria dos esforços para pôr fim à guerra, que já está na metade de seu quarto ano. O Kremlin disse anteriormente acreditar que a retórica de Trump foi influenciada pelo fato de ele ter acabado de se encontrar com Zelenskiy.
Não ficou imediatamente claro se Trump apoiaria suas palavras com uma mudança nas ações dos EUA. Alguns analistas e autoridades europeias disseram à Reuters que acreditavam que suas palavras eram um sinal para a Europa de que estava na hora de os líderes do continente assumirem o controle e fazerem mais para atender às necessidades de armas e financiamento de Kiev.
(Reportagem de Dmitry Antonov)
((Tradução Redação São Paulo))
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