Por Dawn Chmielewski e David Shepardson e Steve Gorman
LOS ANGELES, 22 Set (Reuters) - A Disney DIS.N disse que devolveria o programa "Jimmy Kimmel Live" ao ar, seis dias depois de ter suspendido o programa por causa dos comentários de seu apresentador sobre o assassinato de Charlie Kirk, que provocaram uma ameaça do chefe do órgão regulador de comunicações dos EUA.
A proposta de retorno do programa representa um movimento de alto nível do setor privado para desafiar o presidente dos EUA, Donald Trump, em seus esforços para reprimir os críticos da mídia por meio de litígios e ameaças de ação regulatória.
Ao anunciar a decisão desta segunda-feira, a Disney disse que a suspensão da semana passada do programa de comédia noturno que vai ao ar em sua rede ABC foi "para evitar inflamar ainda mais uma situação tensa em um momento emocional para o nosso país". A Disney disse no comunicado que sentiu que alguns dos comentários de Kimmel "foram inoportunos e, portanto, insensíveis".
"Passamos os últimos dias conversando cuidadosamente com Jimmy e, após essas conversas, tomamos a decisão de retornar o show na terça-feira", disse o comunicado.
O presidente-executivo da Disney, Bob Iger, e a copresidente da Disney Entertainment, Dana Walden, conversaram com Kimmel no fim de semana, de acordo com duas pessoas familiarizadas com o assunto. A decisão foi orientada pelo que era do interesse da empresa de entretenimento, e não pela pressão externa dos proprietários de emissoras ou do órgão regulador da Comissão Federal de Comunicações, disseram as fontes.
Espera-se que Kimmel aborde a questão quando seu programa retornar na terça-feira, de acordo com as fontes.
Uma porta-voz de Kimmel não pôde ser contatada imediatamente para comentar o assunto.
REAÇÃO DOS CONSUMIDORES?
Uma fonte disse que a Disney estava sentindo a reação dos consumidores, que montaram uma campanha na mídia social para cancelar suas assinaturas do Disney+ em resposta à suspensão de Kimmel. As pesquisas no Google sobre "como cancelar o Disney+" atingiram um pico de 12 meses, de acordo com o Google Trends.
A professora de estudos de mídia Susan Campbell disse que a decisão provavelmente se baseou em considerações comerciais e não no desejo de defender os direitos de liberdade de expressão, conforme consagrado na Primeira Emenda da Constituição dos EUA.
"Os consumidores estavam exercendo seus próprios direitos da Primeira Emenda e encerrando suas assinaturas dos serviços de streaming da empresa", disse Campbell, que leciona comunicação, cinema e estudos de mídia na Universidade de New Haven.
"Minha esperança é que Jimmy Kimmel volte ao ar sem novas restrições quanto aos tópicos que ele pode explorar e à abordagem que pode adotar em suas explorações."
Andrew Kolvet, porta-voz da organização do ativista conservador Kirk, Turning Point USA, criticou a decisão da Disney.
"A Disney e a ABC cederem e permitirem que Kimmel volte ao ar não é surpreendente, mas é um erro deles", disse Kolvet em um post no X.
Trump, que tem pressionado repetidamente as emissoras para que parem de transmitir conteúdo que ele considera questionável, comemorou a notícia da suspensão de Kimmel e se referiu a ela erroneamente como um cancelamento definitivo do programa.
((Tradução Redação São Paulo))
REUTERS AC