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Âmbar do Equador revela insetos da era dos dinossauros

Reuters19 de set de 2025 às 00:11

Por Will Dunham

- O âmbar encontrado na região da floresta amazônica do Equador, que contém um tesouro de fósseis bem preservados de vespas, mosquitos, moscas, besouros e outros insetos, está dando um vislumbre de um ecossistema do período Cretáceo na América do Sul, repleto de atividade há 112 milhões de anos, durante a era dos dinossauros.

O âmbar é uma resina de árvore fossilizada. Às vezes, o âmbar é encontrado com bioinclusões -- animais, plantas e fungos que ficaram presos no material pegajoso antes de endurecer e, por fim, fossilizar.

Os pedaços de âmbar descobertos pelos pesquisadores em uma pedreira perto da cidade de Archidona, na província de Napo, no Equador, continham bioinclusões de insetos e até mesmo parte de uma teia de aranha. Restos de plantas fossilizadas foram encontrados em sedimentos próximos.

Quase todos os principais depósitos de âmbar encontrados até hoje foram localizados no Hemisfério Norte, e a descoberta do Equador representa o maior depósito de âmbar da era dos dinossauros encontrado até hoje na América do Sul. A região fazia parte de Gondwana, uma antiga massa de terra expansiva que acabou se dividindo em América do Sul, África, Antártida, Austrália, Península Arábica e subcontinente indiano.

"Encontrar um novo local dessa importância no antigo continente de Gondwana fornece informações muito valiosas de uma região onde antes tínhamos poucos dados sobre os organismos que viviam lá", disse o paleoentomologista Xavier Delclòs, da Universidade de Barcelona, principal autor do estudo publicado na revista Communications Earth & Environment.

Os insetos descobertos no âmbar incluíam mosquitos -- do tipo que pica e do tipo que não pica -- bem como pulgões, vespas e besouros, de acordo com os pesquisadores.

Com base na compreensão da ecologia de insetos semelhantes vivos hoje, os encontrados no âmbar fornecem uma visão do ecossistema que eles habitavam, de acordo com a paleoentomologista e coautora do estudo Mónica Solórzano Kraemer, do Instituto de Pesquisa Senckenberg, em Frankfurt, Alemanha.

Os mosquitos que picavam, por exemplo, provavelmente se alimentavam do sangue dos dinossauros que habitavam a região na época.

"O âmbar preserva essencialmente os exoesqueletos de pequenos organismos do passado. A preservação dessas estruturas externas é tão excelente que, sob um microscópio, elas podem parecer organismos recém-mortos, mas têm milhões de anos de idade", disse Delclòs.

"A resina é pegajosa e é produzida pelas árvores para bloquear patógenos, portanto, ela prende qualquer coisa que viva dentro ou ao redor da árvore. Uma vez exposta ao ar, a resina se polimeriza e endurece e, se for enterrada em um ambiente sem oxigênio por milhões de anos, transforma-se em âmbar. Organismos sem esqueletos mineralizados são raros no registro fóssil, mas o âmbar preserva muitos deles em condições excepcionais, como nenhuma outra rocha consegue", acrescentou Delclòs.

A descoberta dos fósseis no Equador "abre uma janela sobre como ocorreu a transição das florestas de gimnospermas para as florestas atuais dominadas por angiospermas", disse Delclòs.

((Tradução Redação São Paulo))

REUTERS AC

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