Por Michael Erman e Julie Steenhuysen e Mariam Sunny
ATLANTA, 18 Set (Reuters) - Os consultores de vacinas dos EUA votaram nesta quinta-feira para revisar o uso de uma das duas principais vacinas infantis que estão sendo analisadas, mais uma etapa do esforço do secretário de Saúde dos EUA, Robert F. Kennedy, para reescrever a política de imunização dos EUA.
O grupo, que aconselha o Centro de Controle e Prevenção de Doenças sobre os cronogramas de vacinação dos EUA, recomendou não permitir que os pais escolham a vacina tetraviral (SCR-V) contra sarampo, caxumba, rubéola e varicela (catapora) antes dos 4 anos de idade.
Em vez disso, serão aplicadas vacinas separadas contra sarampo, caxumba, rubéola e varicela.
Os votos são os primeiros do Comitê Consultivo de Práticas de Imunização de Kennedy, composto por 12 membros, muitos dos quais já se manifestaram contra o uso de vacinas. Cinco desses membros foram nomeados esta semana.
Kennedy, um ativista antivacina de longa data, está se movendo a uma velocidade vertiginosa para promover mudanças nas políticas de vacinação do país, incluindo a restrição da elegibilidade para as vacinas contra a Covid-19, a destituição da principal autoridade de saúde pública do país e a ampliação do apoio federal às isenções estaduais de vacinação.
Ele diz que essas medidas são necessárias para restaurar a confiança nos órgãos de saúde pública dos EUA.
O painel adiou para sexta-feira a votação de uma recomendação para que a vacina contra a hepatite B seja administrada até que os bebês atinjam um mês de idade, e não no nascimento, a menos que a mãe apresente resultado positivo para o vírus.
Um porta-voz da MSD, que fabrica a vacina combinada SCR-V, disse que a recente votação e discussão do comitê consultivo "ocorreu na ausência de novos dados científicos e em contraste com anos de evidências que afirmam o atual cronograma de imunização".
PAINEL DIZ QUE MUDANÇA ABORDA RISCO DE CONVULSÃO FEBRIL
O painel analisou a mudança na recomendação da vacina combinada SCR-V com base em estudos que mostram um risco maior de convulsões em crianças menores de 4 anos em comparação com aquelas que receberam vacinas separadas contra sarampo, caxumba, rubéola e varicela.
O CDC já havia recomendado vacinas separadas contra sarampo, caxumba, rubéola e varicela para crianças menores de 4 anos, a menos que os pais expressassem preferência pela vacina combinada.
A reunião, que durou um dia inteiro, foi marcada por pontos de confusão, pois um grupo totalmente novo de membros perguntou sobre os procedimentos e o impacto de suas decisões sobre a cobertura dos seguros de saúde.
O painel pediu repetidamente esclarecimentos sobre a votação referente à cobertura pelo programa Vacinas para Crianças, o que levou um dos membros a se abster, pois não estava claro sobre o que exatamente ele estava votando.
A votação dividida pareceu permitir que as crianças cobertas pelo programa Vacinas para Crianças continuassem a ter acesso gratuito à vacina combinada, mas as novas recomendações poderiam limitar o acesso à vacina combinada para outras crianças.
O porta-voz da MSD descreveu a votação sobre o programa de vacinas infantis como sem precedentes e disse que ainda estava trabalhando para descobrir as implicações para o acesso.
"É confuso. Eles precisarão esclarecer isso", disse o dr. Norman Baylor, ex-diretor do Escritório de Pesquisa e Revisão de Vacinas da FDA, que atuou como contato com o painel de vacinas.
"Estou surpreso com o fato de ninguém ter se manifestado para dizer: dê um passo atrás", disse o dr. Bruce Gellin, ex-subsecretário adjunto de Saúde do Departamento de Saúde e diretor do Escritório do Programa Nacional de Vacinação. "Se isso vai gerar confiança, temos um longo caminho a percorrer."
Durante a reunião, vários membros do comitê se opuseram à ausência de representantes de grupos de médicos e especialistas que administram vacinas e às mudanças nos protocolos padrão para analisar e classificar as evidências antes de votar.
Esses representantes foram retirados da participação nos grupos de trabalho, onde essas discussões normalmente ocorrem, e nenhum desses grupos de trabalho foi convocado para considerar os dados sobre a vacina SCR-V ou a vacina contra hepatite B.
O dr. Aaron Milstone, diretor pediátrico de Prevenção de Infecções do Johns Hopkins Children's Center, disse posteriormente que a medida reduziria o acesso às vacinas e eliminaria a possibilidade de os pais decidirem dar menos doses aos filhos.
Espera-se que o comitê vote na sexta-feira as recomendações sobre quem deve receber a vacina contra a Covid-19.
((Tradução Redação São Paulo))
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