Europeus lançam processo de sanções da ONU contra o Irã, que contesta

Por John Irish e Parisa Hafezi e Michelle Nichols

PARIS/NAÇÕES UNIDAS, 28 Ago (Reuters) - Reino Unido, França e Alemanha lançaram um processo de 30 dias para reimpor as sanções da Organização das Nações Unidas sobre o Irã por causa de seu programa nuclear, nesta quinta-feira, um passo que provavelmente aumentará as tensões dois meses depois que Israel e Estados Unidos bombardearam o Irã.

Uma autoridade de alto escalão do Irã acusou rapidamente as três potências europeias de prejudicar a diplomacia e prometeu que Teerã não cederá à pressão sobre a iniciativa do E3 de lançar o chamado "mecanismo de snapback".

As três potências temiam perder, em meados de outubro, a prerrogativa de restaurar as sanções contra Teerã, suspensas em virtude de um acordo nuclear de 2015 com potências mundiais.

O ministro das Relações Exteriores francês, Jean-Noel Barrot, afirmou que a decisão não sinaliza o fim da diplomacia. Seu colega alemão, Johann Wadephul, instou o Irã a cooperar plenamente com a agência de vigilância nuclear da ONU e a se comprometer com negociações diretas com os Estados Unidos ao longo do próximo mês.

Uma autoridade iraniana graduada disse à Reuters que a decisão é "ilegal e lamentável", mas deixou a porta aberta para um diálogo.

"A medida é uma ação contra a diplomacia, não uma chance para ela. A diplomacia com a Europa continuará", disse a fonte, acrescentando: "O Irã não cederá sob pressão".

O Conselho de Segurança da ONU deve se reunir a portas fechadas na sexta-feira, a pedido do E3, para discutir a medida de reversão contra a República Islâmica, disseram diplomatas.

O Irã e o E3 realizaram várias rodadas de negociações desde que Israel e os Estados Unidos atacaram instalações nucleares iranianas em meados de junho, com o objetivo de acertar o adiamento do mecanismo, mas consideraram que as negociações em Genebra na terça-feira não produziram compromissos suficientemente tangíveis por parte do Irã.

O E3 tem pressionado agora sobre as acusações de que o Irã violou o acordo de 2015 que visava impedir Teerã de desenvolver uma arma nuclear. Os Estados Unidos, que faziam parte desse acordo, saíram do pacto sob o comando do então presidente Donald Trump em 2018 e realizaram negociações indiretas fracassadas no início deste ano com Teerã.

O E3, cujos ministros informaram o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, de sua decisão na quarta-feira, disse que espera que o Irã se comprometa até o final de setembro em fornecer compromissos sobre seu programa nuclear que os convençam a adiar ações concretas.

"O E3 está comprometido em usar todas as ferramentas diplomáticas disponíveis para garantir que o Irã nunca desenvolva uma arma nuclear. Isso inclui nossa decisão de acionar o mecanismo 'snapback' hoje por meio desta notificação", disseram os países europeus em carta enviada ao Conselho de Segurança da ONU e vista pela Reuters.

"O compromisso do E3 com uma solução diplomática, no entanto, permanece inabalável. O E3 fará uso total do período de 30 dias após a notificação para resolver a questão que deu origem à notificação."

O processo da ONU leva 30 dias para que as sanções que abrangeriam os setores financeiro, bancário, de hidrocarbonetos e de defesa do Irã sejam restauradas.

(Reportagem adicional de Francois Murphy em Viena e Alexander Ratz em Berlim)

((Tradução Redação São Paulo))

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