27 Ago (Reuters) - Todos os membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas, com exceção dos Estados Unidos, afirmaram nesta quarta-feira que a fome extrema em Gaza é uma "crise provocada pelo homem" e alertaram que o uso da desnutrição como arma de guerra é proibido pelo direito humanitário internacional.
Em uma declaração conjunta, 14 membros do conselho pediram um cessar-fogo imediato, incondicional e permanente, a libertação de todos os reféns mantidos pelo Hamas e por outros grupos, um aumento substancial da ajuda em toda a Faixa de Gaza e que Israel suspenda imediata e incondicionalmente todas as restrições à entrega de auxílio humanitário.
"A fome extrema em Gaza precisa acabar imediatamente", disseram no comunicado. "O tempo é essencial. A emergência humanitária deve ser resolvida sem demora e Israel deve reverter a situação."
A fome extrema -- com tendência de agravamento -- assola a Cidade de Gaza e áreas vizinhas, informou o sistema Classificação Integrada de Fases de Segurança Alimentar (IPC, na sigla em inglês) na sexta-feira. Segundo o IPC, 514.000 pessoas -- cerca de um quarto dos palestinos em Gaza -- estão passando fome extrema, e o número deve aumentar para 641.000 até o final de setembro.
Israel pediu nesta quarta-feira ao monitor global da fome que retire sua avaliação sobre Gaza, classificando-a de falsa e tendenciosa, e dizendo que o IPC utilizou dados parciais, fornecidos em grande parte pelo Hamas, que não levou em conta um recente influxo de alimentos.
Em uma reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre Gaza, nesta quarta-feira, a embaixadora interina dos EUA na ONU, Dorothy Shea, questionou a credibilidade e a integridade do relatório do IPC.
"Todos nós reconhecemos que a fome é um problema real em Gaza e que há necessidades humanitárias significativas que precisam ser atendidas. Atender a essas necessidades é uma prioridade para os Estados Unidos", disse ela ao conselho de 15 membros.
(Reportagem de Michelle Nichols)
((Tradução Redação Brasília))
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